segunda-feira, 2 de maio de 2011

Brutal!!!

Bolas, quando pensava que mais nada me podia surpreender neste país das bananas, eis que a curiosidade me levou à Amazon a ver se vendiam filtros para frigoríficos... e não é que vendem!!! E logo da marca e modelo que pretendo.

 Acabei de fazer o governo perder seis euros de impostos, mas que se lixe, eles também não me dão nada. O maravilhoso filtro que dura apenas seis meses, embora eu o estique por mais seis... custa em Portugal a módica quantia de 80 euros. No entanto estas coisas de ser curioso, resultam quase sempre grandes oportunidades. E assim, acabei de o comprar no estrangeiro, pela módica quantia de 27 euros já com portes de envio. E esta hei?

 Será que ainda faltam muito para criarem um supermercado Amazon, para que possa fazer as compras do mês com comodidade e a baixos preços?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Operação Final da Taça da Liga

 A operação propriamente dita começou vários dias antes com a deslocação ao Estádio da Luz para aquisição do bilhete que dava acesso ao Estádio Municipal de Coimbra para assistir in-loco ao jogo entre os vermelhos e os amarelos.

 Depois continuou na sexta com uma deslocação à Gare do Oriente para comprar um bilhete de IC apenas de ida para Coimbra. Custou a módica quantia de 16.50€ (depois querem que deixemos o carro em casa).

 No sábado, dia do grande acontecimento, ainda atordoado da meia final da Taça de Portugal, vesti as jeans e as botas. Em cima apenas a camisola do Glorioso e o cachecol preso na presilha das calças. Uma mochila às costas apenas com o essencial, tal como umas leituras educativas (uii..) e sai de casa em direcção à estação de Sacavém, uns 30 minutos mais abaixo.

 Já tinha passado por baixo da auto-estrada, quando uma forte chuva colocou à prova a resistência do meu impermeável. Prova superada. Por momentos senti-me peregrino a caminho da nossa Meca. Cerca de vinte minutos depois estava na estação. Pelo caminho um grupo de adeptos que enchia o carro meteu-se comigo. Estavam também eles cheios de esperança por uma viagem "sem vau". :)

 Na estação esperei o comboio. E enquanto ele não chegou, uma senhora preocupada perguntava se o Benfica jogava em casa. Ia para o Hospital das Lusíadas e estava preocupada com a confusão. Quando lhe disse que era em Coimbra, desde logo descansou e desejou uma grande vitória.

 O comboio chegou e depois de uma pequena análise à localização do revisor, lá decidi entrar numa das carruagens de trás. São apenas duas estações e um bilhete de euro e quarenta. Não me apeteceu pagar. Como o pica ia a caminho da frente, decidi colocar-me a caminho de trás. Chegado ao Oriente, dois segurançam meteram-se e perguntavam-me se ia a Coimbra. Quando lhes disse que sim, ficaram atordoados. Valeria o investimento? Claro que vale, respondi, nem que seja pela viagem. :)

  Depois uma rápida visita a um Vasco da Gama a transbordar, apenas para comprar uma sandes à escolha no Vitaminas. Uma baguete de pão de cereais com alface, cenoura, mussarela, salmão fumado e molho pesto. Este seria o meu lanche ajantarado. Foi devorado rapidamente lá prós lados do Entroncamento.

 O comboio era um vulgar IC (Intercidades) com bilhete de segunda classe. O 62 era um lugar bem situado. Se por um lado estava mesmo junto à janela e de frente, conforme pedido. Mesmo aconchegado, estava uma brilhante rapariga com uma fantástica mini-saia. De seu nome Sofia, era uma "jóia" de rapariga... LOL

 A chegada a Coimbra fez-se em pouco menos de duas horas. Na estação perdida em plenos arredores, uma  informação para desinformados alertava para a inexistência de comboio de ligação à cidade com brevidade. A próxima composição para esse percurso de poucos minutos apenas partiria dentro de uns módicos cinquenta minutos. Se para muitos foi uma batida de coração, para mim foi um simples sorriso. Assim, podia ir a pé com uma boa justificação. :D

 Ia a caminha para fora da estação quando senti um vulto a correr atrás de mim, um berro de chamamento fez-me parar. Era um jovem com um aspecto estranho. Dizia-me meio atabalhoado que para ir para a cidade tinha de apanhar um comboio do outro lado. Expliquei-lhe que sabia, mas que tinha intenção de ir a pé, ao invés de esperar os cinquenta minutos. Fez-me uma cara de assustado e explicou-me que a cidade não era já ali. Disse-lhe que conhecia e que para quem faz na boa vinte quilómetros no meio do mato, aquilo seria uma brincadeira. Mais aliviado ainda me disse que podia apanhar o autocarro, mas quando lhe disse que queria mesmo era ir a pé para o estádio (+/- 5km), desejou-me boa sorte para o jogo e que iriamos com certeza ser campeões e partiu...

 Segui então em direcção à rotunda da Casa do Sal, junto da entrada norte da cidade. Pelo caminho uma pessoa já de idade, como camisola de daquela cor indigesta, de polegar em rixe vira-se para mim e diz-me - "Hoje é o nosso dia. Hoje vamos ganhar." Sorriu firmamente em sinal de concordância. Damos um forte aperto de mão e despedimo-nos cordialmente. Foi muito fixe. Logo depois, aparece outra pessoa, aparentando ter uns cinquenta anos a perguntar se sei como se vai para o estádio. Explico que pode apanhar o 5T, mas queria saber se dava para ir a pé. Explico que vou a pé para lá, mas que estou habituado a andar. Pergunta a distância e o tempo. Não sei, nunca o fiz, mas penso que uma hora deva chegar. Pede-me "boleia". Explico que não vou directo. Preciso de cachear. Agradece-me a ajuda e parte para parte incerta.

 Chego junto da rotunda. Uma breve paragem no jardim para efectuar uma cacheada. Uma pedra enorme anuncia o artefecto. A dica diz - "Mete o dedo". Começo por meter a mão inteira. Depois vejo um burado tapado com uma pedra. Desconfio. Vou para mexer-lhe, mas uma lagartixa assusta-se e passa pelo buraco durante o momento em que me assusto. Sai do outro lado. Juntamente com ela vai uma pedra e uma cache. Um momento divertido e natural. Logo e volto a guardar. Desta vez sem lagartixa.

 Depois continuo a minha caminhada em direcção ao centro da cidade. Pelo caminho uma chamada do meu irmão a pedir-me ajuda para lhe explicar como se ia para um local. Explica-me que foi dar uma volta com um amigo e não sabe como se vai a pedantes para a universidade. Pergunto-lhe se vai ao jogo. "Jogo, qual jogo?", pergunta-me curioso. Explico-lhe que o Benfica vai jogar com o Paços. Não sabia. Dahhh... que raio de benfiquista?

 Descobrimos que num longo país, estavamos os dois em Coimbra. E, estavamos a cerca de quinze minutos a pé, um do outro. Digo-lhe que chego lá um quarenta minutos. Afinal ainda tinha duas caches pelo caminho. A primeira num fontanários junto do jardim da Manga, ficou para mais tarde. Afinal um lampião equipado a rigor, a olhar de forma atabalhoada para um fontanário junto de uma paragem de autocarro do centro dá imenso nas vistas. A outra, junta a uma igreja inundada de espanhóis também não é bom local para cachear.

 Encontramo-nos finalmente e fomos em direcção à universidade pela quebra-costa. Parámos numa casa de banho de rua para uma mijinha rápida por 0.20€ e seguimos em direcção à universidade. Andamos pelos átrios fechados para obras, atravessamos as matemáticas e fomos em direcção ao Penedo da Saudade. Pelo caminho umas casitas que faziam inveja a muita gente e muitos OANIS* vermelhos. Umas mais direitos, outros menos direitos, onde a quantidade de cerveja ia ditando os passos de cada um...

 O Penedo da Saudade é um miradouro natural existente dentro da cidade de Coimbra. A vista sobre as traseiras é de cortar a respiração. Lá em baixo, o estádio estava em plano de destaque. Mas encarnado que o normal, tinha num ponto amarelo o seu contraste principal. Cheguei em bom momento. Vindo lá de baixo, o som era estranhamente conhecido. Apenas se ouvia qualquer coisa coisa do estilo "Mostra a tua raça, querer e ambição... nós só queremos o Benfica campeão!!!". Era um momento esperado. Ao fundo, estava a chegar o vermelhão, o autocarro do glorioso... desta vez inteiro, pois ali não havia arruaceiros!!!

 Estava a ficar tarde, pelo que me despedi do brother e amigo. E enquanto eles voltavam para o carro eu continuava em direcção ao estádio. Pelo caminho, um daqueles seres vermelho vira-se para mim e pergunta-me se sou lampião. Olho para ele muito admirado e digo a disfarçar... - "Bolas, estou de vermelho!!! Se calhar sou." Ele sorri, abraça e voltasse para a cerveja. Eu continuo sorridente rua abaixo.

 Lá em baixo, por todos os cantos, leia-se tascas há tipos de amarelo e sobretudo de vermelho saudavelmente agarrados a bebidas também elas amarelas. Onde não há azul à mistura, consegue-se viver a festa do futebol.

 Como já é tarde e acho melhor petiscar algo antes do jogo. Vou então ao Dolce Vita, mas as filas rapidamente assustam-me. Decido então comer um gelado, mas lembro-me que já tinha comido um antes, pelo que vou até ao Jumbo. À falta de sandes já feita, decido-me por algo mais saudável. Compro então uma caixa de 500g de morangos. Passo pelo wc para lhes dar um banho e vou em direcção ao estádio a comê-los, agarrando pelo píncaro desde o interior do cesto.

 Chegado à porta 5B, uma fila de largas dezenas de metros assusta-me o bom humor. Junto da entrada, vários guardas tratam todos os seres humanos como potenciais terroristas se tratassem. Chateio-me com o guarda porque me quer meter as mãos nas malas como fosse tudo dele. Recuso. Ameaça-me prender, reclamo e a muito custo levo a minha a avante. Detesto guardas autoritários e com a mania que é tudo deles.

 Lá dentro o jogo apressasse por começar. Ainda chego a tempo do pontapé de saída. As cadeiras numeradas, estão todas desorganizadas. Não há numeração que resista pelo que os assistentes dizem ao pessoal para se sentar no primeiro lugar vago. O jogo começa e desde cedo o meu clube começa a controlar, Os golos chegam naturalmente. A festa timidamente se vai desenrolando.

 A segunda parte chega entretanto e com ela o mau futebol praticado. Os canários começam a assustar. Quase todo o estádio vibra, não de emoção mas sim de stress pós-traumático... até que o final do jogo tranquiliza a multidão. Terminou... somos finalmente campeões de qualquer coisa!!! A Taça da Liga é nossa pela terceira vez consecutiva. Já lhe chamam a taça encarnada!!! Hehehe...

 A festa acaba, todos os presentes vão saindo, cá fora timidamente se festeja. Ainda está tudo traumatizado com as amêndoas azuis a meio da semana.

 Para terminar a noite em beleza, só uma imperial Super Bock e de partida para outra.... :D

* Objectos Andadores Não Identificados...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma tarde cacheando

Era Domingo e não apetecia fazer nada, mas também não apetecia ficar em casa. Depois de uma breve olhadela para o mapa, as ideias de um local para passear não surgiam mesmo. Ali ao lado, Leiria, Coimbra e/ou Figueira da Foz, não incentivavam. Até que uma ideia brilhante apareceu do nada... Vou passear cacheando!!!

 E assim, defini um percurso, mais ou menos conhecido, mas pouco explorado com tanto pormenor. A primeira estava bem longe, lá para os lados de Quiaios. Foram quase trinta minutos de caminho para nada encontrar... :( A primeira cache veio a revelar-se uma desilusão. Está na praia de Quiaios, junto a um trilho de madeira. Procurei em cima, em baixo, à esquerda e à direita, apalpei, soprei, meti o dedo em todo o lado, mas a caixa não quis aparecer. Foi o primeiro revés do dia.

 Depois seguiu-se a das Dunas lá mais para o fundo. A dica dizia que se deveria ler um cima e procurar em baixo. Acabei de fazer tudo em baixo porque a placa estava caída. E tal como um pedaço de tijolo de lado não engana, a marota apareceu mesmo antes de a procurar. Foi a primeira caixa de rolo fotográfico do dia!!! :)  Como recompensa por a ter encontrado nada com um Magnum Cone comprado ali perto e um desfrutar da aragem marinha que ali ao lado se fazia sentir com imensidão.

 Gelado comido, eis o momento de por caminhos estreitos e cheios de simbolismo, abarcar em direcção à serra, a Serra da Boa Viagem. Ai tinha mais uma num local já bastante conhecido - o miradouro da Bandeira. Um local alto e com grande visibilidade sobre o mar, o pinhal e as lagoas lá em baixo. Um daqueles locais que merece ser visto e revisto, mas não só pelo papa e pelo bispo. :) A cache estava do lado direito, mesmo junto do precipício, mas bem disfarçada de calhau. Foi das mais engraçadas que já descobri. Corre é o risco de ser atirada monte abaixo por quem queira imitar uma avalanche.

 A paragem seguinte, foi um local onde antigamente costumava ver um rali denominado por "Volta a Portugal"  . Um local bonito, no ponto mais elevado da serra com vistas magnificas sobre o mar e a cidade da Figueira da Foz. Ali, mesmo junto à estrada está um monumento às floresta. A dica foi vital, estava mesmo lá. Nem foi preciso recorrer ao gps, embora me tenha picado todo para a retirar e recolocar lá.

 Logo de seguida foi a do abrigo de montanha, agora um restaurante mais ou menos fechado. :) Esta estava no jardim e foi pisada sem querer, pelo que foi fácil de aparecer, mas complicada de esconder. As pedras não encaixavam direito, como que a dar razão àquela velha máxima que diz que sobram sempre peças no final.

 Depois de descida a serra, a primeira cá de baixo foi feita em Buarcos, quase junto ao mar. Uma velha chaminé recuperada era a razão de ter sido colocada naquele lugar. Esta, embora simples e facilmente localizada, dentro de uma árvore magnetizada, foi complexa de retirar e logar. Havia uma mulher que não largava a varanda e tirava o olhar. Estava curiosa com um gajo que andava por ali de um lado para o outro a espreitar por trás das ramagens. Tive de desistir e voltar para o carro para ela desarmar e aí... voltei para trás e foi só assinar.

 Mais uns quilómetros de carro e eis que surge a Fortaleza de Buarcos. Esta aparentemente era fácil, bastava sentar à direita e por baixo apalpar. Pode-se dizer que tudo por ali foi apalpado, pena que a cache não tenha sido encontrada...

 E para finalizar a tarde de cacheadas, só faltavam as do extenso areal da Figueira da Foz. Depois de uma longa e fria caminhada pelo avenida de madeira que corre paralela equidistante da praia e da marginal, lá apareceu outra meia enterrada. E quando o gps já dava sinal de não querer trabalhar mais, eis que me chego ao local da última do dia, mas uma avó e neta estrategicamente colocadas naquele banco de oásis, tristemente me obrigaram a deixá-la para trás sem a assinar.

 Depois, foi só regressar para jantar e assim se passou mais uma bela tarde de Primavera.

terça-feira, 29 de março de 2011

Expedição aos Picos da Europa - Carnaval 2011 (4/4)


Na manhã seguinte, ainda de madrugada, aos poucos, corpos meio enrrugados com malas empanturradas, iam a conta gotas saído do hostal. Cá fora o tempo parecia pouco agradável. A nublina tomara conta da paisagem, a aragem fresca convidava a polar, a tristeza da partida inundava o ar. Felizmente a felidade de ali termos estado e vivido aqueles momento era mais forte que qualquer sentimento de contrariedade.

A viagem foi muito nostágica e fria. Dentro da nossa carrinha, meia humanidade dormia, a outra olhava em frente e deixava-se levar, talvez por pensamentos vazio. A viagem foi fluindo a pouco mais de cento e dez quilómetros por hora. A fome começou a apertar e mais uma vez o Carlos fez questão de colocar os seus conhecimentos à prova. O pessoal, já começava a duvidar, mas dá sempre nova oportunidade. Decidimos então parar numa área de serviço que a placa indicava. Andamos uns três quilómetros para trás e eis que demos com uma povoação, onde a ar de serviço era básica e sem qualquer local para manjar. Fomos então à única tasca aberta nos arredores. Era uma espécie de hamburgueria, mas sem hamburgueres. Apenas havia uns petisco que aparentavam ter tanto bolor como o queijo de Cabrales. E para aí umas trinta vezez mais de gordura. Depois de quase todos pedirem, quando já não havia quase nada para comer, resolvi deixar todos aqueles que já apresentavam cara de enjoados ainda mais salivantes... ao pedir um bocadillo com queijo e presunto. Foi aí que se levantou um surur de surpresa naquelas cabecinhas e alguém pergunta timidamente – “Há sandes?”... LOL

Depois de almoço a viagem ainda foi mais calma, sempre na velocidade certa e sem oscilações. Palavra do condutor de trás. Até à área de serviço de Abrantes, tudo correu a velocidade cruzeiro ou não fosse eu a conduzir. É que por muito maluco que às vezes seja a conduzir, apenas o faço sozinho, por respeito a quem conduzo. Mas em Abrantes, desta vez o clima estava muito mais calmo que na ida. Desta vez não houve confusão com chávenas a partir. Mas desta houve cache. Havia ali um artefactado perdido e com a ajuda do telemóvel e a clareza da posição, o grupo dos vassouras com toda a calma encontrou-o, registou-o e recolocou-o no seu devido lugar.

E mais ou menos assim, horas mais tarde em Lisboa, tinha terminado mais uma fantástica aventura. Agora, aguarda-se ansiosamente pela próxima... lá para os lados de Gredos. Embora, quase todos os fins-de-semana tenham ocorrido outras bem mais próximas dos nossos lares!!!

Expedição aos Picos da Europa - Carnaval 2011 (3/4)


Chegamos assim à segunda-feira de Carnaval, o dia apresentava-se frio e tristonho desde a janela do segundo piso, onde por volta das sete horas locais tentava abrir as pestanas. Lá em baixo, já meio mundo tomava a refeição mais importante do dia para uma caminheiro. Terminada esta e já fora de portas, a ansiedade era grande. Estavamos a pouco mais de cinquenta quilómetros de iniciar a famosa Ruta del Cares. Um trajecto pedestre sinuoso e cheio de precipicios que segue o rio Cares ao longo de um percurso de aproximadamente doze quilómetros. Isto oficialmente, pois os gps presentes marcaram todos aproximadamente dezoito. Pequenos pormenores para quem ama a natureza como se parte dele fizesse.

Chegados ao ponto de partida por uma estrada estreita entre o rio, lá em baixo, e as montanhas, lá em cima, eis que todos sem excepção, saltam, como se de molas se tratassem, das  carrinhas para fora e começam a preparar os provisões de combate. A temperatura não pode ser mais perfeita. Nota-se uma agradável brisa no ar, mas o sol ao longe cujos raios reflectem na neve com esplendor anima todos, mesmo os mais negativos. Embora, claro está... naquele momento não havia uma mente negativa nem ali, nem possivelmente nos arredores.

Ao fundo, junto ao inicio do trilho, uma placa dá-nos a conhecer o que nos espera. Um caminho estreito e por vezes escorregadio. Muitos túneis e locais impróprios para quem possa sofrer de vertigens. Acho que mesmo aqueles que não sofrem, iriam passar a sofrer. E para animar a malta, o gráfico não enganava, os primeiros três mil e quinhentos metros seriam sempre a subir. Antes de iniciar, ainda um outro aviso – o trilho teve um percalço a uns oito quilómetros dali – uma descida precipitada até ao fundo da ravina. Mas os alertas são claros, continua transitável. A protecção civil espanhola está lá a remendar o local.

Assim, conforme anunciado, os primeiros três mil e quinhentos metros são passados sempre a subir. Logo após o pequeno-almoço, não era o que mais queria, mas a sensação transmitida pelo silêncio daquela imensidão de rocha era mais forte que qualquer outra naquele momento. E assim, fomos subindo por um trilho sinuoso de pouca terra e muita pedra solta. Atrás tinhamos cada vez mais um fosso, um fosso fundo e a cada metro mais distante. Ao nosso lado, bem lá no fundo, tinhamos um rio de águas azuís quase transparentes, com uma água tipicamente caraibenha, mas exponencialmente  mas fresca que a de qualquer praia portuguesa. Estas deslizavam suavemente por entre rochas e rochedos, dando uma vitalidade incrivel ao momento. Do outro lado tinhamos montanhas, altas cheias de dureza, desde o verde verdejante junto das nossas sobrancelhas até ao puro rochedo que as acompanhava até ao topo branco extremanente brilhante. Um tom que apenas neve pura e impenetrável nos pode dar. O céu esse era de uma azul normal, mas tão normal que nem parecia normal, onde o sol expreitava e fazia as delicias de pequenos e graudos sempre que uma nuvem se desviava um pouco.

Ali só haviam fatos pintados de cores que caminhavam em fila quase indiana, bem junto das paredes, pois do outro lado a altitude era demasiado arrebatadora para ser ignorada. Junto a mim, cá mais atrás, apenas dois sons se distinguiam. Um clap, clap das imensas fotos que o grupo dos vassouras aproveitou para brindar a paisagem e um meu zumbido de estimação que não me dá treguas o tempo todo. É tão mau nunca conseguir estar em silêncio absoluto que às vezes apetece-me...

O percurso foi deslizando por baixo dos nossos pés como se uma coisa banal se trata-se. Naqueles quilómetros apenas os nossos olhos e sentimentos terão trabalhado de forma fugaz, como que se quizessemos mas não conseguissemos lugar para guardar e registar toda aquela paisagem diabólica.
Quase uma hora depois do restante grupo, nós os vassouras chegamos ao ponto de encontro do meio do trilho. Foi na povoação montanhosa de Caín que nos voltamos a encontrar. Os seis guerreiros lá de trás, tinham finalmente chegado. Os restantes companheiros de aventuras já tinham almoçado, estando a aproveitar o magnifico sol que a esplanada do bar gratuitamente nos proporcionava. Mas nós, os lentos não em pedalada, mas simplesmente em sentimentos e memória fotográfica estavamos com toda a certeza muito mais ricos em sentimentos de amizade e companheirismo.

Depois de almoço, foi um ver ao contrário, ou seja, o trajecto seguinte foi todo o percurso da manhã, mas em sentido contrário. Um misto de emoções ocorriam a cada momento que normalmente terminavam com um... “Nós passamos por ali?”, “Eh cum caraças, tinhas visto aquilo?”, “esta claridade para fotos é melhor que há bocado”. E lá seguimos nós, por todo o troço tirando fotos a cada pedaço. Ora ficava um para trás ora ficava outro. Eramos um grupo de seis sempre muito animado e onde cada vez mais se respirava amizade. O talvez cereja no topo do bolo, tenha aparecido já na parte final, numa descida de aproximadamente três quilómetros e meio, um inverso da partida. Aí, fomos confrontados com cabras espalhadas pelo trilho. Uma mesmo de frente, outras acima e abaixo. Todo o grupo foi obrigado, ainda que por vontade própria a suspender sua marcha. As cabras estavam demasiado domesticadas para se ignorarem. Somente não se puseram em posição de alinhamento com o Rui, pois teria dado uma foto muito interessante.

Passadas as cabras, já com algumas saudades, os últimos metro serviram para tirar uma fantástica foto a quem tentava em vão alcançar as casas impossíveis do outro lado. Ela bem tentava, mas o cumprimento de sua objectiva eram demasiado japonesa para além alcançar. Assim, serviu-lhe de consolação as fotos que lhe tiravam à traição. Depois, bem despois foi o chegar ao final do trajecto onde as restantes caras, aparentando um bater de palmas, esperavam ansiosamente pelo nosso regresso.

Tirada a foto de grupo, eis que o grupo partiu como um todo em busca de um merecido banho. Pelo menos esperava-mos que ao contrário do final anterior, houvesse água quente para todos. Mas como bons pensadores que alguns somos, houve um grupo que decidiu antes enverdar por uma compras finais, enquanto os restantes lutavam por gota a gota por um pedaço de água quente.

Comprei duas boas garrafas. Um traz licor de mel, mas daquele que se bebe à confiança e se tosse como uma criança, como uma caminhante hora depois da hora de deitar. Trouxer também uma garrafa muito engraçada com uma pega deitada, lá dentro uma muito interessante aguardente de orujo, para aqueles dias frios em que o organismo pede uma acendalha. E no outro saco vinha um dos famosos queijos de Cabrales. Um queijo forte e bem medido. Com aspecto podre, mas bem saboroso. Um daqueles queijos que bem podemos deixar esquecido no fundo do frigorifico, pois ganhe ou não bolor, para nós estará sempre com o aspecto actual.

Depois o jantar, desta vez num restaurante com mais alguns créditos, onde as entradas de queijos variados quase deu para cheirar um Alentejo mais descaracterizado. O Costelon também não estava mal, mas nem todos comeram por igual. Uns vinham muito passados, como sola de borracha. Outros mal passados, parecendo um bicho acabado de matar. Felizmente, alguns tiveram a sorte do seu lado... Depois, como se todos nós fossemos invadidos por um sentimento de nostalgia, ninguém queria ir deitar. Uns foram emborcar mais umas litradas de sidra, outros como eu preferiram andar pelo vazio. A nostalgia impragnava o ar. No dia seguinte seria a partida e aquele fantástico grupo parecia decidido em não voltar.

Expedição aos Picos da Europa - Carnaval 2011 (2/4)

Chegavam as sete horas da matina de Domingo, aliás seis da matina, porque em Espanha eles andam uma hora à nossa frente. O desgraçado do galo não parava de cantar. Felizmente este não dá bicadas e basta carregar no ok para ele se calar. Meio ensonado desci para uma torradas com compota de melocoton acompanhado de sumo de melocoton tomar. Voltei para cima e voltei para baixo já com a dentuça lavada. Cá fora estava um frio gélido de uma manhã típica junto da montanha. Em redor, ao contrário da noite anterior, agora podiam-se observar montes a perder de vista que nos reduziam à insignificancia de uma barata. Paramos no único local aberto àquela hora madrugadora, uma área de serviço. Compraram-se as últimas provisões e partiu-se um direcção aos Lagos de Covadonga. Do lado de fora da carrinha, os vidros pareciam retirados de um avião em plena viagem, cristais de gelo formavam-se para nos assustar quando à dimensão do que nos esperava. Chegados ao primeiro miradouro sobre Covadonga, aos soluções fomos saindo das carrinhas e automóveis que nos transportavam. Em todo o redor o branco era imperador. Farrapos de verde timido salpicavam as montanhas. Estavamos agora a mais de mil metros de altitude, o sol já me mostrava lá bem no alto e a temperatura animava até os menos positivos. Tinhamos grandes probabilidades de ter pela frente um excelente dia de sol.

Ao chegar junto dos lagos a espectacularidade do momento era tão elavada que a paralização de olhares no vazio tomou conta de praticamente todos os que tinham a oportunidade de ali estar. Lá fora a neve era rainha, salpicos cinzas e verdes mostravam-se à cautela no meio daquela imensidão. Um enorme espelho de água brilhava o cenário envolvente. O frio há muito tinha ficado para trás, neste momento o pouco calor solar que nos abrilhantava a vista chegava para nos preencher a alma com um clima temperado de emoções. Os primeiros passos foram sobre asfalto, mas à medida que subiamos todos os nossos sentimentos estava de olhos postos naquela imensidão branco que desejavamos pisar. No cimo, junto de uma curva podemos finalmente esfregar a sola de nossas botas naquele branco imaculado, quase tão puro e fino como cocaina. Parecia que estavamos num lugar de ficção.

A caminhada avançou a bom ritmo por caminhos, estradas, montes e outros lugares. Era impossivel saber sobre o que andavamos. Aos nossos pés apenas sentiamos que estavamos a pisar algo fresco e branco. Por baixo, podia estar qualquer coisa que nunca sem lá voltarmos noutra estação saberemos o que seria. Quando saimos das zonas mais calcadas por caminhantes que se tinham acordado mais temperano, as nossas botas enterravam-se delicadamente até ao joelho. Estavamos num lugar mesmo especial.

Pelo caminho encontramos um casal com duas pequenas crias. Uma caminhava alegremente pelo chão branco imaculado ao passo que a mais pequena, delirava às cavalitas do pai. Ambos levavam raquetes nos pés, o que facilita e muito o andamento dado que a área de contacto com a neve é dástricamente superior à nossa. Era um casal de portugueses que iam em autonomia. Iria passar a noite em abrigos e montanha e a cria estaria-se a iniciar nesta fantástica actividade que num jogo de ps3 no conforto do lar, jamais poderá ser sentida ou sobretudo vivida. Começavamos então a subir e cada vez mais, seguiamos por um trilho direito sempre a subir. Um trilho que em tempos mais quentes sobe em ziguzague, mas que no meio daquela imensidão de branco é impensável seguir. Com mais ou menos dificuldade, lá conseguimos chegar ao refúgio de Vega Redonda. Uma casa pequena no meio do nada, onde se pode dormir ou somente repousar, onde se pode tomar um banho quente ou uma bebida ainda mais. Um local que tinha um cão com um pêlo fantástico junto à porta  de entrada.

Cá fora, uns ao sol outros à sombra, uns sentados no chão, outros em caixas e ainda outros como eu, na neve devoravamos o excelente almoço que tinhamos levado. Os temas de conversa eram muitos, mas todos eles acabavam quase sempre por desaguar num tema comum – aquela imensidão branca que nos devorava. Ao mesmo tempo decidia-se quem estava em condições de continuar e quem por ali iria ficar simplesmente a disfrutar. Alguns momentos depois, uma grupo de nove ou dez, segue viagem rumo ao cume, sobre neve virgem. Abençoados por tentar, mas aos poucos o ar da montanha e o peso da neve solta trocaram-lhes as voltas e obrigaram-nos a voltar quase no limite de suas forças.

Nós, que cá em baixo ficamos a disfrutar, resolvemos voltar aos nossos transportes para nos lançarmos por outras andanças. Queriamos ir disfrutar um pouco da aldeia mágica de Covadonga.

A descida foi diferente. A velocidade era intensa e a loucura tomou parte de parte do grupo. Era fantástico descer a correr e saltar. Ficar enterrado na neve até à cintura, despreocupados com alguma pedra, arbustro ou buraco que nos podesse estragar o momento com dor e ausência nas aventuras que nos esperariam nos dias seguintes.

Chegados aos carros, foi tempo de primeiro descansar e depois manobrar. A carrinha que estava à minha responsabilidade estava trancada pelo alfa de um dos que tinha lá ficado. Mais para a frente mais para trás e para o lado, com todo o cuidado este obstáculo foi ultrapassado. Primeiro decidimos subir em direcção ao lago superior. Estava na fila para passar pelo buraco mais apertado da estrada excelentemente bem cuidada apesar daquela neve toda, quando passa um espanhol e pela janela aberta diz claramente – “Canta-me um fado”. Foi a risota total. O lago de encima era mais rudimentar que o primeiro, por isso pouco tempo por lá andamos. Descemos então em direcção a Covadonga com uma paragem intermédia para os calços descansarem.

Covadonga não tem muita coisa em especial. É um lugar pequeno onde existe uma extraordinária catedral. Pelo meio um túnel cheio de promessas e uma capela dentro de uma cova na rocha. Por baixo desta, uma enorme queda de água enche um lago. Achei Covadonga muito mais emocionante vista dos miradouros a caminho dos lagos que propriamento no seu lugar. Ou até mesmo a famosa Sidra, bebida pouco alcoolica, com um travo a maçã que é autenticamente despejada nos copos desde o andar de cima. Não é nada do outro mundo e pouco parece ser deste, mas pelo menos custa menos de três aérios a garrafa e vai matando a sede.

O jantar deste dia foi mais do mesmo, ou seja, uma grande caldeirada de sabores desconhecidos, mas nem esse factor surpresa serviu para me deixar com vontade de aqui o relatar. Penso mesmo que o momento mais alto da refeição e passeio pelas ruas da cidade após o repasto, foi mesmo o aparecimento da loira e do branco de carapinhão... Depois seguiu-se uma noite de sono, logo após uma amena cavaqueira frente ao hostal. Daquelas que pedia um sapato ou algo similar para o barulho acabar.

Expedição aos Picos da Europa - Carnaval 2011 (1/4)


E às oito horas do passado dia 5 de Março de 2011, teve inicio o começo de uma viagem que há muito tempo estava planeada nos meus pensamentos... mais propriamente uma viagem de aventura pelos Picos da Europa.

A carrinha que me iria transportar até lá chegou ao teatro da Encarnação, pouco passava das oito horas. Lá dentro, já estavam bem aconchegados sete almas e muita bagagem desejosas de aventuras. No banco de trás, estava três raparigas de diferentes idades. Uma delas sobresai-a, mas também não era para menos. Ao meu lado estava um casal, já habituê nestas andanças. Há frente, outro casal se preparava para a longa e dolososa viagem que se apresentava aos nossos olhos... os cerca de 900 quilómetros até lá acima.

As primeiras horas de viagem foram passadas com a cabeça a balançar de uma lado para outro, como que a lembrar as horas mal dormidas da noite anterior. A primeira paragem deu uma fonte de energia quase inesgotável, tal o frio que se fazia sentir para além das paredes de chapa e vidro que nos separava do ar ribatejano. A medo e timidamente cada elemento daquela carrinha, foi saindo e encaminhando-se para as instalações da área de serviço.

Estavamos então dentro da zona de bar da área de serviço de Abrantes. Uns tomavam café, outros como eu bebiam uma red bull para acordar e outros ainda limitavam-se a conversar. No meio de uma multidão que chegava em várias excursões de Carnaval para a Serra da Estrela, um elemento destacava-se pela negativa. Estava eufório, já àquela hora da madrugada. Dava guinchos que mais pareciam de uma gata com o cio. Algures, alguém do grupo reclamava com um simples, mas concreto – cala-te. De repente, sem nada que para aí indicasse, no meio desse grupo, tal como putos vádios ou uma claque lá do norte se tratasse, começam todos aos empurrões e às morraças. Parecia uma praça com cada um a distribuir fruta para cada lado. Às tantas voavam chavenas, mesas e relógios pelos ares. Nós, todo o grupo pirava-se lá para fora com uma rapidez quase impensável e dali observavamos incrédulos ao que lá dentro de passava. Foram alguns largos minutos à claque azul, mas o mais curioso foi as empregadas continuarem a servir cafés como se nada de estranho se passasse. E quando, já estavamos para arrancar, olhámos para o lado e concluímos que todos os envolvidos eram do mesmo autocarro. Deve ter sido uma viagem especial...

Já mais acordados e sobretudo animados, seguimos viagem até junto da fronteira em Vilar Formoso. Numa altura em que a barriga já dava horas, todo o grupo se reuniu timidamente à volta de uma das carrinhas e decidiu-se que iriamos almoçar umas tapas numa tasca qualquer conhecida do Carlos junto à bonita cidade de Salamanca.
Chegados à tasca mundialmente conhecida, mas que afinal era uma área de serviço e não havia tapas, só mesmo menus de Carnaval é que nos apercebemos que o sentido de orientação do Carlos tem muitas vezes tendência para se desnortear. A bebida do menu de Carnaval era composto por água e vinha que transformava o famoso carrascão português em vinho fino. Para comer tinhamos direito a dois pratos, pão e uma sobremesa. Escolhi a sopa de cozido, mas que mais parecia onde eles lavaram o pano do chão a altas temperaturas para retirar as impurezas há muito lá instaladas. O prato era... bem, deve ter sido tão bom que já nem me lembro o que era. O pão... bem o pão escapava, mas só depois de lhe fazer um escalpe e mastigar apenas o interior. Pagamos por tudo a módica quantia de dez notas, mas afinal, qual a piada de uma aventura sem um incidente de percurso.

Após o almoço, a viagem tornou-se muito mais interessante e monótona. Se por um lado, passaria a ser eu a levar a carripana, por outro, ia tudo com tanto sono que mais parecia uma carrinha de mortos-vivos. A dada altura, olho para o lado e para trás e apenas via cabeças ao léu com os olhos virados para dentro. Uma estavam de bocas escancarada a pedir uma mosca, outras estava de tal forma curvadas que em pouco tempo pareceria que estariam a snifar o chassi de baixo. E ainda uma outra que de olhar no horizonte, tentando ser indiferente a tudo o que a rodeava, mas ao mesmo tempo concentrada na estrada. Houve momentos complicados, mas com um pouco de destreza se foram resolvendo... afinal, é dificil manter o ritmo dos cento e dez e ao mesmo tempo fotografar elementos para mais tarde recordar.

A viagem continuou... continuou monótona nos cento e dez máximos permitidos pela autoridade. Chegados a León, o guia meio desnorteado pediu-me para parar. Depois de uma guerra, onde a ausência de mapas, foi a expressão mais usada, eis que aparece um n900 para salva o momento. O seu dono com uns mapas off-line carregado atempadamente lá descobriu por onde deveriamos ir e o problema foi ultrapassado.
Já perto de Oviedo, alguém, feliz proprietário de um n900 diz alto e em bom som – “Temos de virar para a A64”. Lá à frente, alguém já farto de estradas por entre montanhas brancas em contraste com o céu escuro, quase negro, não liga a esse comentário... e feitas as contas foram feitos cerca de quarenta e nove quilómetros a mais.

Chegados finalmente a Cangas de Ónis, quando os ponteiros digitais já marcavam mais que dois pontos e dezanove palitos de tempo, eis que surge novamente o orgulhoso dono do n900, desta vez sem a ajuda do telefone a dizer. – “continua a rodopiar que o hostal é por ali” – e uma corrente de ar fresco invade a espinha dos presentes. Como é que alguém que nunca lá tinha estado conseguiu num rasgo de vista identificar o caminho? Facilmente... já são  cada vez menos os que não conhecem o meu sentido de orientação.
O hostal era uma espécie de prédio de quatro andares, cheio de quartos pequenos para confortáveis e interessantemente quentes. O acesso aos pisos superiores era complexo dado que era composto apenas por escadas, mas nada de especial para quem tinha desafios muito mais exigentes nos dias que se seguiam. A sala de pequeno-almoço era simples e económica. Dava para pouco mais de quinze pessoas bem aconchegadas. Nada de preocupante para os cerca de trinta e três novos inquilinos que com uma boa gestão do tempo facilmente daria a volta à situação. Lá em cima, o maior problema era encaixar corpos grandes na zona mais intima do lar. É complicado meter um corpo nú num paralelipipedo rectangular vertical e baixá-lo de forma a ficar abaixo da saída do chuveiro.

Mas o importante naquele momento não era o hostal, mas sim o jantar, dado que já todos desejavamos uma agradável e condimentada refeição. Depois daqueles cerca de novecentos quilómetros, não seriam os cerca de um a pé até ao restaurante pelo frio da serra que nos iriam amedrontar. O restaurante era um vulgar snack bar de aldeia que tinha umas mesas à frente e outras atrás. Não sei quem teve a ideia de colocar um espelho em toda a parede de fundo da sala de trás, mas teve uma ideia feliz. Durante alguns momentos, quase todos os elementos do grupo quase cegos pela fome passada, olhavam felizes e contentes para os seus reflexos tentando imaginar quem teria uma roupa semelhante à sua.

No restaurante, o que se pensava que seria um bom repasto, saiu algo assim assim. Os que escolheram caldo de marisco, ainda devem andar à procura do marisco ou simplesmente do aroma. Os restantes que pediram a fabada ainda devem estar a pensar porque os espanhóis chamam àquilo fabada se de favas não tem nada. O complemento era composto por qualquer coisa que não me despertou o interesse, daí ter preferido uma espécie de cozido com caldo verde – o pote asturiano. Tinha uma sabor digamos que diferente, mas àquela hora qualquer coisa marchava... até uma velha sem dentes!!! Uii... Pelo menos a sobremesa era totalmente espanhola, sem tirar nem por, notava-se logo quando se olhava para ela e se via o quanto artificial era. Enfim, mais uma refeição tipicamente espanhola.

Ao chegar ao hostal a tarefa seguinte seria dormir, porque Ordiales estava simplesmente a poucos mais que umas horas. O sono provocado pelo cansaço da viagem só aos poucos foi interrumpido, quando era necessário evacuar algumas couves mais indigestas.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Cardápio de um fim-de-semana animado...

Este foi um fim-de-semana diferente. Um fim-de-semana mais vivo que os restantes. Não que nos outros não o esteja, mas neste passei com toda a certeza mais tempo fora que dentro de casa. Uma autentica roda viva de emoções... Hoje, segunda-feira, trato de tentar descansar!!! 


De seguida passo a enumerar...

terça-feira, 1 de março de 2011

A dois...

Pouco passava das 10 da matina, após ter chegado ao emprego há pouco mais de dez minutos, resolvi que ainda não era tempo de começar a produzir.

 Resolvi ir dar uma volta até à caixa de correio e no meio muita coisa sem interesse, lá descobri uma promoção de 50% de desconto num cruzeiro romântico para dois. Tinha validade de seis meses. Então pensei - "E porque não?" Acedi ao mbnet e comprei. Agora resta arranjar uma oportunidade para nos próximos meses fazer uma surpresa a alguém especial.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mirador de Ordiales

E pronto, falta menos de uma semana para ser eu a estar ali sentado.

Para quem não conhece, este é o Miradouro de Ordiales, nos Picos da Europa. Um dos pontos mais belos de toda a cordilheira montanhosa dos Picos.

E é já no próximo Domingo de Carnaval que irei fazer uns 15 quilómetros a pé para o alcançar. Uma caminhada que começará junto do Lago Enol, que passará pelo refugio de Vega Redonda até ao miradouro. Depois haverá outro mundo para descobrir, um mundo inverso que será observável apenas durante a descida. E com isto lá se vão as calorias de oito bolas do Santini de uma só vez.

 Para mais informações, nada como a indicação de um blog com uma reportagem fotográfica.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Na linha...

E quando se pensava numa semana sossegado à beira rio, no Parque das Nações, eis que se é enviado para uma outra semana mais ou menos sossegada, mas desta vez junto da mar, mais propriamente em Paço de Arcos.

Realmente sabe muito bem, depois de almoço passear pela beira-mar e apanhar os tímidos raios solares que por entre as nuvens se escapam...

Aiiii!!! Tenho de voltar para o trabalho...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Speed

Para quem esperava um Domingo de relax alentejano, nada como uma viagem surpresa a Pombal para animar o dia.

Felizmente o carro é confortável e não custou quase nada. E agora para compensar, nada como umas batatas fritas com leitão para me saciar. Ou melhor, para saciar vai mesmo ser o vulcão de chocolate, que é especialidade da casa.

E amanhã, já é segunda-feira, como novo cliente e novo lugar para descobrir.

Rejuvenescer...

Este local é encantador. Há muito que precisava de um refugio assim. Um recanto para uma fuga perfeita da cidade.

Muito trabalho me espera pela frente para o compor ao meu gosto, mas o esforço será certamente recompensado. Tal como foi hoje "in loco" sentido num agradável passeio de bicicleta pelas falésias junto ao mar. O peixe grelhado acompanhado de um Lambrusco estava divinal. Assim, como o passeio pelas areias à beira-mar, acompanhado da minha velhinha reflex.

E amanhã, será um novo dia, com mais locais maravilhosos para desvendar, nesta magnifica costa alentejana...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ruta del Cares, alê, alê!!!

Eu não disse que hoje estava a ser um agradável dia, isto apesar de olhar pela janela e o tempo estar cada vez menos risonho.

Soube há poucos momentos que se confirma a indisponibilidade do meu gestor para satisfazer os escrúpulos de outro. Assim, tal como já adivinhava, uma tarefa vai ter de ser adiada pois um trabalhador com boas avaliações não deve ser penalizado com a incompetência de terceiros.

 Assim, confirmasse de todo que este ano o meu desfile de Carnaval vai ser nos fantásticos Picos da Europa. E que este desfiladeiro por muitos outros já "perneado", vai finalmente sê-lo também por mim. Ainda faltam perto de 15 termais dias, mas a mente já se sente por lá. E este local da imagem, a magnífica Ruta del Cares, será com certeza a cereja no topo do monte...

21ª Mini Maratona de Lisboa

Há quem vá pelo prazer de ganhar. Há quem vá pelo simples prazer de correr. Depois há quem vá apenas para andar. Também há quem vá pelo prazer de atravessar a ponte a pé. E ainda há quem vá sem qualquer razão, apenas porque lhes apetece.

Depois de um ano de interregno, decidi que estava na hora de "voltar a ir". E, vou desde já começar a treinar, até porque a agência Banif mais próxima vai-me obrigar a uma caminhada de aproximadamente três quilómetros para lá chegar.

 Março, mês da árvore, dos Picos da Europa, do WRC e da Primavera... Vai saber tão bem lá chegar!!!

Hoje sinto-me bem..

Esta imagem podia representar a verdade, mas infelizmente não, embora seja muito semelhante a esta.

Hoje vou ter um dia santo. O trabalho está concluído desde ontem. Aguardo a próxima especificação para continuar. O prazo limite para ela chegar termina hoje, mas parece-me que está muito atrasada.

Começo a achar que não vou ter apenas um santo dia, mas sim uma santa semana... E o mais porreiro é que depois das dezassete de hoje já é fim-de-semana...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pobreza

É impressionante, o facto de em plena hora de almoço a Gare do Oriente, entre o metro e as escadarias do fundo estar cheia de sem abrigo a dormir. Uns com mantas polares entre sacos, outros no chão e ainda outros na curvatura das paredes.

 Estamos em pleno século XXI e ninguém faz caso. É realmente desumano que existam tantas organizações em defesa dos interesses de gente estrangeira que abunda por bairros de lata. Gente sem vontade de fazer seja o que for para bem da sociedade. Gente a viver à custa do que os restantes adquirem com seus rendimentos. E, não há nenhuma organização que dê algo a esta gente, a grande maioria deles portugueses que noutros tempos foram "gente". Que triste este nosso Portugal!!!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quando chove quando deve!!!

Olho lá para fora e chove a pontes. Chove mesmo a sério. Olho mais ao longe e vejo as palmeiras a dobrarem não com a força do vento, mas da chuva.

 Chove como há muito não se via chover. Chove como sempre choveu. É um momento anormal só para quem já não se recorda dos velhos Invernos, quando a tradição ainda o era.

 Viva a chuva, venha ela que tanto é precisa por mais de meio Portugal. Mas que faço um interregno na sexta para que possa vir trabalhar calmamente de bicicleta. :)

Margem Sul

Hoje dediquei parte do meu almoço ao alimento da alma. Por largos momentos, preenchi o meu cérebro vazio de nostalgia vinda do outro lado. Todos os meus pensamentos tinham apenas um objectivo, um ou vários momentos. Estive impenetrável na razão. Impenetrável no meu ser.

Todos nós deveríamos de parar de quando em vez. Parar não significa morrer, apenas reviver para reaprender a viver. Há momentos no entanto que sucumbimos ao vazio da imensidão de sons e cores que se atravessam no nosso caminho.

 Lá longe, do outro lado, para lá da imensidão molhada, sentimentos misturam-se suavemente com suor molhado. Lá, onde estão todas as fontes de desejo mais profundas...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Especificidades informáticas...


Está um gajo muito bem a produzir, quando aparece uma mensagem destas... Isto sim, é anti-produtivo. Um gajo bem se quer concentrar, mas acaba por ficar a olhar com cara de parvo!!!

LOL

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Concentração precisa-se...

Não sei se será por ser quarta-feira, mas hoje o dia está a custar a passar comó-caraças.

 Tou com uma soneira que nem posso. Cheguei tarde, almocei demorado e vou sair cedo. Pelo menos, sairei com a consciência que pelo menos por um dia vou ter uma produtividade igual à do país onde vivo.

 Pelo menos o passeio da hora de almoço junto ao rio, foi extremamente agradável. Como é bom andar pelo Parque das Nações, num dia de Inverno, ao sol... com os pensamentos a vaguear pelo além...

Ai!!! Ainda tenho coisas para trabalhar!!!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Haja justiça...

Que é bonitinho por fora já nós sabemos. Mas então e por dentro? É bonito sim senhor. Tão bonito que até dá pena tanta falta de justiça que se vive ali dentro.

 Hoje estive lá. Estive, sim senhor. Estive porque as Finanças acham que esta é a melhor forma de obter cerca de cinco euros que indicam que lhes devo. Isto já incluindo dois anos de juros. Uma verdadeira fortuna.... sobretudo se considerarmos que nada devo.

Como estes senhores foram teimosos ao passar dois anos a mandarem notificações, deixei-as chegar, tendo pena apenas das árvores mal tratadas para que obtivessem o papel para me notificar. Agora quase vinte e quatro notificações depois, resolveram enviar-me a tribunal. Fui, mostrei o comprovativo que já estava pago há mais de dois anos...

 Conclusão. Sorri. E perguntei-lhes se sabiam se o valor gasto em notificações teria compensado, mesmo que ainda estivesse em falta. A resposta foi clara... - "Não olhamos a fundos para recuperar o que nos é devido". Perante isto... fiquei sem argumentos e saí...

A este tudo de novo...

Hora aqui está uma viagem mais perto e talvez tão agradável como a anterior. Afinal, para ser agradável, basta saber que andamos a viajar. Assim, vou aqui guardar este caminho para mais tarde executar...

Cinzento Europeu...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Viajar, um estado de alma


Ver mapa maior

Há dias passava pela minha secção favorita de livros na Fnac e dei de caras com um livro chamado "Dream Routes of USA & Canada". Abri e fiquei apaixonado. Fechei e olhei para a contra-capa. Dizia 35€ - 10% de desconto aderente. Fiz contas e pensei... que se lixe. Parei, pensei melhor e... decidi ir ver o preço à Amazon. Surpresa ou não, o mesmo livro já com portes e despesas de envio ficava pela módica quantia de 21.52€. Pensei? Claro que sim, mas onde estava o cartão de crédito. E assim, quatro dias úteis depois, estou no sossego do sofá a olhar... não para um, mas para três livros do mesmo autor que ficaram a preço final, por 60€.

 Agora tenho:
  • Dream Routes of Europe
  • Dream Routes of USA & Canada
  • Dream Routes of Australia, New Zealand and the Pacific 

 Comecei então a ler e viajar em pensamentos pela Europa. Já dei por mim a ver o preço de rent-a-car e voos para alguns países. Estou encantado. Acho que vou ter de ir viajar... Pena ser tão longe fazer o percurso que se encontra acima...

 Bem, vou hibernar mais um pouco entre páginas de delirar...

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Indiano, Tailandês e mais não sei quês...

Hoje fui almoçar a um indiano e isso fez-me lembrar um dia em Dezembro último que passei na integra aqui neste extremamente agradável lugar.

 Este local fica no centro dos vários mercados que compõem o mais conhecido mercado de Camden Lock. É um ponto nevrálgico de culturas. Aqui perante uma excelente temperatura exterior de aproximadamente dois graus, lembro de me ter deliciado com um vinho quente com aromas delicados a canela e laranja, acompanhado de uma comida indianó-nepalesa, composta por uma caixa de plástico forrada de arroz branco, sobre o qual sobressaiam três cores fundamentais - creme, vermelho e o laranja. O primeiro era carne normal com tempero de limão, um paladar de anjos. O vermelho, vinha do tempero vermelho à base de um ingrediente secreto sobre o qual não há nada para desvendar e finalmente o laranja, um caril de verdade. Uma combinação explosiva mas ao mesmo tempo real. Um verdadeiro encontro de culturas, sobreposta pela inglesa, com uma magnifica Coca-Cola Cherry para acompanhar.

 Mas este local tão extravagante ficará para sempre marcado continuará, mas mais reforçado como um local a "revoltar". Um local cheio de estranhos mas encantadores costumes, onde todas e mais algumas culturas se misturam numa agradável forma de existência. Esta é a verdadeira essência de Londres, aquela que mais me atraia, longe das multidões de turistas ávidos de visitar locais mais que explorados. Aqui foi feliz uma vez, voltei a sê-lo desta vez e tenho a certeza que em breve me irá novamente passar por esse sentimento extremo...

Há dias assim...

Hoje é um daqueles dias que daria para falar, falar, falar e nunca mais acabar. Daria porque não há mesmo mais nada para fazer... Tudo o que precisamos para continuar o nosso trabalho está do lado do cliente. Aguardamos pela aprovação das nossas propostas para avançar. E assim, enquanto não nos devolvem os documentos aprovados... vamos aproveitando para colocar o tédio em dia!!!

 E se não param de passar comboios ali em baixo... ainda acabo por adormecer!!! É que eles parece carneirinhos a vir de lá...