Parque das Nações
Eram cerca de três da manhã, quando se decidiu antes de regressar a casa, passar pela zona de bares do Parque das Nações. Em má hora se tomou tal decisão. Porque parou de chover a meio caminho? Bolas.
Nestes dias já se sabe que há excessos que não deveriam ocorrer, mas como em Portugal a lei é demasiado branda, toca a admitir aquilo que pouco a pouco se torna em algo mais sério e grave. Um verdadeiro problema de ordem pública.
A primeira imagem do que é uma noite de bebedeira para uma cada vez maior franja da população estava retratada no chão da rua que acompanha os bares até ao Atlântico. Um tipo forte, exaltado e em tronco nu entalado entre o asfalto e três policias lutava contra o inevitável. Perto a policia estabeleceu um perimetro de segurança, onde todos levam, mesmo que só estejam de passagem e por bem. Mais ao fundo um A3 é passado a pente fino.
Passado o primeiro impacto, vem o segundo. Milhares de vidros espalhados pelo chão do parque. Não basta já prejudicarem com lixo fora do contentor, ainda foi preciso parti-lo. Não se chama descuido, mas sim selvajaria.
Depois seguindo ao ritmo da musica que varia de bar em bar, vai-se seguindo para norte em direcção à outra ponta de loucura. Um tipo mentalmente de rastos discute com outros que estão no terraço de uma disco. A discussão azeda e vai de enviar uma garrafa de champanhe em direcção ao varandim. Sonoramente bate de raspão na barra protectora e perde-se no meio da multidão. Se bateu em alguém não sei, mas podia tirar muito mais grandioso que pequenas lascas de nada.
Passado o obstáculo mirabolante, eis que se sente atrás o som da perseguição. Dezenas de rapazes mal humorados e com razão de cacetete em rixe decidem distribuir mais umas marteladas como do São João se tratasse. Tempo? Sim, mas apenas de fugir para dentro de um bar e deixar passar tão bela procissão.
Com todo este espalhafato, nada como sorrateiramente escapulir dali para fora e ir curtir uma saborosa bebida roxa com borbulhas para o conforto do lar.