sexta-feira, 9 de julho de 2010

Prazeres escondidos

Há momentos em que não nos apetece fazer rigorosamente nada. Apenas queremos que tudo nos apareça já feito. Depois com o passar dos dias, o fast começa a deixar de ser um prazer para se tornar uma obsessão. Esse é o momento que temos de dizer basta. Manter seria errado e quem sabe, tornar-se num grave problema de saúde pública.

Mas mais assustador que um simples "basta" é sentirmos que a partir desse momento temos de agir. Temos de tomar as rédeas. E para isso temos de sentir prazer, caso contrário facilmente voltamos à vontade básica do obter tudo já feito. Apenas sentir prazer através de terceiros que podem não ter descarregado qualquer fonte de prazer no momento.

 Claro que nem sempre chega um basta, as vezes temos de saber que não podemos ignorar as mais básicas necessidades de um mundo capitalista, que a cada esquina está sempre pronto para nos ensinar que temos de ser nós a olhar por nós. Temos de ser capazes de dizer - "Vou fazê-lo e vou duplicar o prazer por isso." E assim, depois de uns longos dias em que o fast aos poucos foi perdendo protagonismo, descobri um elemento essencial que me faz sentir útil (a mim mesmo) e duplamente feliz. Esse elemento está a agora sempre presente na minha alimentação, acompanhando-me para todo o lado e estando disponível sempre que necessário. Esse instrumento dá pelo nome de WOK.

 Desde que a descobri a minha vida foi preenchida de um novo prazer. Agora já não preciso de fast's para nada. Basta misturar ingredientes soltos, ser criativo, ter uma fonte de calor e o prazer começa desde logo a ser apreciado. E o pior que tudo é que agora não consigo parar. Todos os dias sinto necessidade de fazer algo novo, algo diferente, algo irreverente.

 Acho que sem querer consegui despertar o cheff escondido em mim...

PS. Sim, é o salmão de um magnifico jantar.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Silêncio que se vai cantar o "fado"

Sempre que me falavam de Sidney, a primeira coisa que me vinha à cabeça era sem dúvida, o magistral edifício da Ópera. Um edifício quase dolorosamente brilhante à luz do sol, com uma cobertura assustadoramente inclinada. A sua frente, dezenas de ferries antiquados juntam-se a veleiros de todo o mundo completam-se como se de um jardim encantado e florido se tratasse. Todo este local é absolutamente preenchido por uma atmosfera alegre e intensa.

Não há com certeza ninguém que tenha passado por Sidney que não tenha despendido alguns mesmo que insignificantes minutos para observar tal esplendor. Mas provavelmente poucos imaginam que já houveram muitos dias, nos anos 50 que aquele lugar estrategicamente colocado à beira-mar, foi um simples garagem de carros eléctricos municipais. Um daqueles locais que quase todos sabemos que existem, mas que ninguém quer conhecer.

Até que um dia Sir Eugene Goossens, director da Orquestra Sinfónica de Sidney, resolver encetar diligências para a criação de uma sala de espectáculos na cidade que era órfão desse tipo de coisas. Após a fácil escolha de local, foi aberto um concurso internacional para escolha de um projecto que assentasse perfeitamente naquele moribundo lugar. Após alguma longa e complexa discussão e com a ajuda de um arquitecto americano, eis que se decide repescar a ousada ideia de um arquitecto dinamarquês, se seu nome, Jorn Utzon.

 Era um projecto sem igual, sobretudo numa década em que até se tornava algo embaraçoso. Nunca nada tão ousadamente inclinado jamais havia sido construído e muitos duvidavam que pudesse ser. Felizmente, quando ainda muito decidiam se iniciar ou não as obras, alguém se adiantou e começou a construção. Se assim, não tem ocorrido, hoje o ponto magistral de Sidney seria sem qualquer dúvida a magnifica Harbour Bridge (para mim coloca a ópera a um canto).

 E assim, cerca de década e meia após o inicio das obras e um orçamento 14 vezes superior ao planeado, eis que foi inaugurado uma das mais aclamadas maravilhas do Mundo.

Pufffffffffffffffffffffffff....

Final de dia, depois de um susto anterior, nada como apanhar a auto-estrada e procurar um local para ficar. Preferencialmente alojamento barato e à beira-mar. Um parque de campismo, um albergue ou um simples cama. Qualquer coisa serve para aliviar o cansaço de um dia bem passado.

Mas às vezes até nos locais mais calmos e mais inocentes a surpresa se esconde à espreita. E quando menos se espera, nada como um pufff e um guinão para a direita para anunciar um pneu que se foi. Valeu a velocidade não ser muito alta ( < 141 km/h) para conseguir parar em segurança.

Foi um susto, mas como já estava vacinado, nada que 30 minutos e algum esforço no meio da escuridão não solucionasse... Afinal, ficam sempre como histórias para contar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Há mar e mar...

Ui!!! Que água tão apetitosa.

Ontem depois de uma exposição prolongada à sombra, decidi ir molhar os pés. Molhados os pés e face à temperatura da água decidi que não deveria molhar apenas os pés e resolvi molhar-me todo. Soube bem entrar. A temperatura estava no ponto. O problema foi sair...

Quem disse que o que mais perigoso que anda no mar são tubarões ou crocodilos? Esses podem ser assustadores, mas nada mais assustador que a força da água. Ontem, senti-me verdadeiramente aflito. Por duas vezes tentei regressar na crista da onda, mas mal punha os pés no chão, era novamente atraído por forças ocultas lá para dentro. Após alguma luta, felizmente o mar senti-o que não queria mais poluição e esse mesmo poder oculto teve a feliz ideia de me expulsar para a areia molhada. E todo enrolado em areia e espuma, depois de algumas cambalhotas e joelhos esfolados, cheguei são e salvo a terra firme...

 Acho que por uns dias, vou dedicar-me mais às caminhadas...