Herdade Cabeço da Flauta. Um nome a reter. Já conhecia o local, onde no Verão os veraneantes aproveitam o solo rijo para estacionar seus carros debaixo de uma árvore e desfrutar de um belo repasto na pacatez do local.
Embora na imagem pareça um terreno relvado, depois do arraial montado, a relva como que timidamente se escondeu. Mas foi neste lugar, portas meias com Lisboa que este ano foi montado um hino à boa cerveja e som musical.
Chegado ao local, já de noite ao contrário do esperado, a primeira dificuldade foi carregar com toda a tralha desde o carro, no fim do parque até à porta de entrada. Parece que alguém se esqueceu que não era fim-de-semana de lua cheia, pelo que uns candeeiros junto ao caminho tinham dado um aspecto mais cuidado.
Subida então a rampa, meio ao tropeção, lá cheguei ao topo, onde uma larga e longa fila para troca de bilhetes por pulseiras, me aguardava. Carregado até aos dentes lá consegui obter uma fita e dirigi-me para o chamado acampamento.
Lá dentro, tinha à esquerda um conjunto de contentores que serviam de porto de abrigo para necessidades mais prementes. E à direita 12 lavatórios desconjugados sem pingo de água. À frente... bem, à frente... era a descrição perfeita da histórica teoria do caos. Milhares de tendas estavam montadas, espalhadas sem qualquer sentido de orientação. Quem chegava, simplesmente abancava no primeiro espaço vazio e assim sucessivamente. Também eu, assim fiquei. O corredor ainda estava largo, então tratei de o estreitar. Dois segundos depois, a tenda estava montada e eu a caminho do espectáculo. Só por curiosidade, quando regressei a minha tenda já se encontrava na terceira linha mais afastada do carreiro.
Findo o espectáculo, se o caos era aparente, pelos relatos do dia seguinte, apercebi-me da verdadeira realidade "caosónica". O acampamento não tinha iluminação, 90% das tendas eram Quechua 2''. Estava pronta a confusão. Segundo parece houve quem pisasse cabeças em busca do seu lugar, outros encontraram estranhos no seu lugar...A minha deixara de ser verde, mas ainda estava num castanho perceptível.
No sábado, acordei cedo, somente porque o calor era tão intenso que devo ter perdido largas calorias naqueles momentos matutinos. A fila para os chuveiros era de tal forma intensa que preferi deixar os banhos para as maravilhosas ondas da praia do Meco. Sendo que apenas ao final da tarde me aventurei na fila de 45 minutos para tomar um duche de água gelada ao ar livre. Pode parecer assustador, mas foi extremamente rejuvenescente. Estava pronto para outra noite fantástica.
Domingo, desta vez acordei mais tarde, apesar de estar mais calor e ter ficado com os poros todos dilatados, tal a necessidade de escorrer água. Mais um dia de praia, que terminou numa valente fila para chegar ao recinto. Milhares de pessoas desesperavam nos quilómetros que as separavam do recinto do espectáculo. Calmamente, como de costume, resolvi tentar todos os atalhos disponíveis, conheça ou não. E assim, consegui fazer Meco - Herdade nuns fantásticos 90 minutos, com direito a estacionamento mesmo junto da entrada. Como? Simples. Ora por atalhos, ora "choramingando" junto da organização para a necessidade de carregar com toda a tralha do acampamento para o carro e chegar cedo para no outro dia trabalhar.
E assim, para muito pena minha ao não colocar a segunda de férias, tive de regressar e deixar aquele mundo surreal, mas absolutamente fantástico para trás. Foi mais uma aventura, sobretudo porque a GNR não deixava virar para Fernão Ferro, mas depois de uma curva inverti a marcha e já pode passar à vontade. Coisas à portuguesa, pois com certeza.