No sábado fui ao circo. Já há muitos anos que não ia, mas a festa de Natal da empresa levou-me até lá. Não interessa qual era, são todos muito iguais.
Quando soube que este ano a festa era no circo tive um sentimento nostálgico. Afinal, iria sentir a magia de outros tempos?
O chegar e ver a tenda, criou expectativas. Ao entrar um túnel frio enorme, antes da tenda propriamente dita um largo com carroceis e barracas de comes e bebes. Não me lembrava de haver esta parte. Talvez tenha nascido fruto da inovação em busca de novas fontes de rendimento.
Depois de um lanche exclusivo, tocou a sirene e todos rumamos à tenda principal. As bancada continuam de tábua corrida, mas agora cobertas com cadeiras de plástico mal pregadas, entre o palco e o cimo da tenda, um misto de cordas, cordéis e cabos balançam no ar. Em volta do palco grandes adivinham um número perigoso de feras domesticados.
Acabaram com as grandes que por um túnel levavam os tigres ao palco. Falta de espaço nos atrelados. Agora usam-se redes entrelaçadas. Ainda bem que os tigres de actualmente vão à manicure e arranjam as unhas, caso contrário teriamos a segurança colocada em causa.
Penso que estas novas políticas laborais do governo também elas afectaram os tigres. Coitados, aparentavam sofrer da doença da idade da reforma aumentar, lá tiveram de se arrastar pelo palco, saltando de banco em banco. Curioso verificar a manobra complicada da domadora de ajoelhar dois tigres a seus pés. Pena eu estar de lado, porque assim vi perfeitamente a domadora a passar pedaços de carne para o chão junto a seus pés. Assim qualquer um o faria. Ok, eu não.
Depois os palhaços, muito trapalhões mas 100% previsíveis. Ok, se calhar aquilo só resulta para quem ainda não tem o raciocino totalmente apurado.
Os trapezistas, a precisarem de mais uma horas de ginásio. Sim, já foram os jovens apresentados, mas já devem assim ser apresentados há alguns anos. Ensaio em pleno palco. Eu percebo, o número dos copos sobre o monociclo é complicado, mas a lição devia estar mais bem estudada.
Se bem que os da bicicleta deram um show. Finalmente alguma coisa se aproveitou. Gostei, mas não vou tentar imitar... afinal os meus dentes já não são de leite.
Valeu pelo convívio, valeu pelo farnel, valeu pelo cabaz de Natal.
Agora percebo porque os circos dizem-se em crise. Ao sair reparei nos preços, crianças 10€, adultos a partir dos 20€. Relação qualidade/preço? Agora percebo porque existe tanta crise nos circos.
Antes de terminar uma referência para a pobre cria que teve de tirar uma foto com todos os presentes, mesmos os que não queriam. Como dizia a filha pequena de um colega - "Coitadinho do leão".