Nos pouco mais de quilómetro e meio que separam as aldeias da Praia das Maçãs das Azenhas do Mar, é um desespero ver o nosso grandioso passado totalmente desprezado. Contam-se pelos dedos de várias mãos a quantidade de grande palácios e casarões completamente ao abandono. Perdem-se pedaços da nação, pedaços de história. É quase como quando morre um idoso. Não morre apenas um ser humano. Perde-se uma enciclopédia de saberes e conhecimentos.
Da mesma forma, olho para aqueles ex-palácios vandalizados ou simplesmente abandonados que militam junto deste pequeno troço de estrada. Pena faz que ninguém algo faça para a sua conservação. É nestes momentos que gostava de ser rico. Por largos momentos olhei-os nas entranhas, no que resta de suas estruturas e neles vi crianças a brincar, de olhos brilhantes como se numa colónia à beira-mar pela primeira vez o observassem. Noutro vi, mochileiros de todas as nações alegres, partilhando experiências e vivências. Camas de rede floresciam junto de azulejos pintados à mão, restaurados contando a história de uma civilização. Seria um misto de boa conservação e atenção.
Tantos edifícios, tantos bons e respeitáveis usos, vão morrendo provavelmente à espera de um qualquer grupo comercial, transformando-os num Azenhas ou Maçã Shopping. É triste a história recente deste nosso Portugal.
O centro da península do cabo
Há 1 mês
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