Sendo o último dia do rally e querendo sair cedo da classificativa para assistir as incidencias finais no estádio, a lógica apontaria para uma classificativa perto de Loulé. Assim, a escolha recaiu mesmo pelo troço com a designação de Loulé.
Como as pernas já cansadas de tanto andar a pé, decidi levar o carro até lá acima, pensando não deixa-lo mesmo no topo para poder sair mais facilmente. Mas dado ser uma ZE que desconhecia por completo, as surpresas não se fizeram esperar. A estrada de acesso à ZE tinha apenas uns 750 metros, mas por incrível que parece era um verdadeiro desafio à coragem.Um traçado sinuoso, cercado por uma barreira e um ribanceira, onde apenas passa uma viatura de cada vez na maioria do percurso. Um verdadeiro desafio que terminou de uma forma insólita... Lá em cima estava tudo tão cheio que nem para fazer inversão de marcha em segurança dava.
Após o susto inicial e com a ajuda de um tipo que passava, acabei de fazer inversão de marcha num local impensável. Ele controlava as rodas traseiras junto do precipício e eu controlava o pára-choques de fronte da barreira. E após muitos frente-trás, lá consegui virar. Mas o pior ainda estava para passar. Agora éramos três que queríamos descer, mas por um trilho onde só passa um carro, isso não é possível quando continuam a subir carros. Começa então a loucura de fazer três carros virarem num espaço ínfimo. Por sorte eram pequenos utilitários e em pouco mais de 40 minutos todo se resolveu. Depois foi só descer... até apanhar um jeep a tentar subir. Era assustador para quem viu... Segundo parece, as suas rodas estavam mesmo na berma junto do abismo, enquanto eu me encolhia contra a barreira.
Cheguei cá abaixo, estacionei, coloquei umas coisas na mochila e parti a pé para os cerca de 750 metros sempre a subir, quando o termómetro do carro já assinalava 32º. Ia a subir e a conversar com dois outros tipo que iam devorando cervejas de meio litro quando pára o tipo de uma pick-up e pergunta - "Querem boleia?" Ainda antes de responderemos já lá estávamos em cima. Foi uma aventura subir aquilo, cruzar com outros carros com as rodas já a caminho do abismo, com vento e ramos a roçar as faces.
Lá em cima o local não era nada de especial, mas o primeiro carro já vinha a caminho e assim decidi ficar dentro da ZE, mas só depois de perguntar (inocentemente!!!) a um elemento da organização se me deixava ir mais para o lado. Face à nega, tive de me resignar e por ali ficar. Mas foi engraçado. Dali dava para ver vários quilómetros de classificativa. Afinal, estava no monte mais alto do lugar.
Na descida encontrei o meu irmão e dois amigos junto de umas casas e ganhei uma boleia de jeep para baixo. Depois foi acelerar em direcção ao estádio para mais uma jornada de decisões, muitos saltos e muitas fotografias. Pena apenas o acidente do Solberg nesta super especial. Foi um final inglório.
Para terminar foi só o desmanchar da barraca, dar uma volta e um mergulho no Algarve e partir em direcção à capital. Finda a aventura fica a consolação de para o ano haver mais... Aguardemos então!!!
O centro da península do cabo
Há 1 mês
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