Ficar muito tempo no mesmo local é tédio, assim para a parte da tarde resolvi ir até ao Vascão para tentar chegar a um local que já no ano anterior me tinha ficado atravessado. A passagem pela ribeira do Vascão. Assim, fiz-me à estrada e dentro de nada estava a cruzar Almodôvar.
Sigo então em direcção à ZE onde já tinha estado no ano anterior, por estradas a perder de fim, no meio de pouca coisa ou quase nada. Referência para uma povoação por onde passei, que se chamava Viúvas. Curioso o nome... hehehee!!! Não quereria lá morar!!!
Como da ZE à zona de travessia da ribeira ainda é um enorme esticão, resolvi colocar-me à deriva à procura de outra forma de lá chegar. Assim, passo a cortada para a ZE e vou à procura de outra alternativa. A primeira está barrada. Um jeep da GNR está por ali mal estacionado. Mais abaixo encontro um caminho que me parece lá ir dar. Aventuro-me. Passadas poucas centenas de metros uma ribeira seca para atravessar. Terminam logo aí as ilusões. O ribeiro é demasiado profundo para um automóvel passar. Tenho de voltar atrás. Felizmente a terra em redor está demasiado dura pelo que foi fácil voltar.
Decido tentar mais uma vez, um pouco mais abaixo. Encontro uma estrada de terra recentemente arranjada, cuja máquina ainda por ali se encontrava parada. Avanço sem receios, até um rebanho me barrar. Com delicadeza desligo o motor para os animais não assustar e pergunto à pastora onde aquela estrada me levava. Ela explica-me umas cinco vezes que à esquerda terei um policia que não deixará passar, mas que posso descer à direita, estacionar junto de uma vinhas e subir a ladeira para aí ver os carros a passar.
Mais à frente, decido ir pela esquerda, onde estaria o policia, pois a estrada era muito mais apetecível. Após mais uns valentes metros deparo-me com uma estrada, também de terra, mas num estado bem mais conservado. Decido virar a esquerda, sendo assustado por um forte apito e um policia quase desesperado. Estava em pleno troço com o rally a decorrer. Pelo meio de gestos atabalhoados reparo que tenho de tirar o carro rapidamente dali. Acabo de sair de lá e passa uma viatura da organização a grande velocidade. Um susto, ainda não sei muito bem para quem. Levo uma descompustura da autoridade. Mas afinal eles é que falharam, pois andei cerca de quatro quilómetros sem ninguém controlar.
Farto de maluqueiras, foi então em direcção à ZE19 e após atravessar a ribeira em grande velocidade a pedido de uns fotógrafos de margem, estacionei o carro e à aventura parti. Tinha de conseguir chegar à ribeira iludindo alguns guardas e elementos da organização.
Subi um morro, desci do outro lado. Rastejei como se na recruta andasse, gatinhei como se uma criança de tenra idade imitasse. Aos saltos atravessei a ribeira e à ordem de paragem por guarda a cavalo tive de ignorar. Segui em sentido contrário ao troço para os afastar e duas raparigas em topless junto da ribeira acabei por incomodar. Mais um morro, mais uns touros pelo caminho. Mais uma cerca para me picar e lá segui em direcção ao local que me esperava. Ali, três elementos da organização me olhavam espantados. Mas após alguns momentos de negociação ali me deixaram ficar para um pequeno sonho realizar. É um local muito agradável.
Mais tarde, depois de regressar debaixo de um calor intenso, já não fugi da guarda, passei mesmo ao pé. Ainda ouvi uns não pode estar aí, mas naquele momento já tinha conseguido o que queria e daí seguia a instruções à risca. Mais uns largos metros e chego finalmente ao carro que escaldava. Abro um pouco os vidros, dei-to a t-shirt exausta lá para dentro, aproximo-me da ribeira. Tiro as botas e as meias, coloco as chaves lá dentro. Viro-me de costas para a água e mesmo de calções vestidos deixo-me cair. Estava fresca, mas soube mesmo bem, estando tão quente. Um final em beleza para a prova da ribeira.
A vida é para ser vivida e não para se ir vivendo...
O centro da península do cabo
Há 1 mês
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