Durante a noite acordo algumas vezes. Não sei se pela dureza do chão ou pelas cantilenas daqueles que no meio do monte abusaram das minis fresquinhas. Mas numa dessas vezes, acordo sobressaltado. Algures no meio da escuridão alguém se lembrou de começar a disparam rateres. Pelo meio ouvem-se alguns insultos e berros, mas nada que não seja normal no meio de uma multidão que descansa pacientemente à esperada dos grandes momentos do dia seguinte.
Acordo cedo, mas já muito próximo da hora H. São aproximadamente 8:30. São horas de pegar no garrafão de cinco litros e fazer duas actividades distintas. Por um lado, lavar a cara, por outro encher a garrafa de litro e meio que vai ser útil durante o dia. Hora de arrumar a tralha pois o primeiro carro saí para a estrada em pouco menos de um hora. Enrola-se o saco cama e dobra-se a tenda. Tudo feito em menos de 5 minutos. Mas a paciência e tempo para colocar tudo arrumado dentro da mala já não são os mesmos e coloca-se assim tudo a molho no banco de trás.
Com o pequeno-almoço tomado e toda a alimentação tratada e dentro da mochila, fecha-se o carro e parte-se a caminho da Zona de Espectáculo. A ideia não era ver ali a competição, dado que sou um pouco alérgico às mesquinhices da organização e da GNR, mas para ver se tinha alguma parte interessante do troço. Nada de especial, daí que resolvo ir para a esquerda em busca de melhor lugar. Claro que assim que saltei as fitas, logo um guarda apitou e colocou-se em sentido. Estava a ir para zona proibida. Após um belo sermão, decidi voltar à zona do carro.
Aí, saquei das cartas militares e decidi descer a encosta em direcção aposta da ZE. Reparo que três fotógrafos foragidos já tiveram a mesma ideia e resolvo segui-los. Até que param meios desorientados. É aí que meto conversa e descubro que também eles perseguem alguém. Um grupo de três de Fafe, já habituados a estas coisas que procuram passagem pelo meio das divisórias de terrenos. Decidimos então apanhar os primeiros e todos juntos procuramos agora uma fuga a um terreno cravejado de touros. Subimos e descemos novo morro, uns choques pelo caminho nas divisórias electrificadas, mas nada que não se aguente quando há vontade pelo meio.
Chegamos então junto da estrada. Mas agora estamos encurralados. De um lado temos um monte e por trás a ZE fortemente fortificada e do outro um GNR a guardar o acesso de uma casa. Felizmente um monte de eucaliptos tapam a visão ao guarda da esquerda. E assim por ali decidimos ficar. Até porque se mostrou ser um fabuloso local para se ver o rally. Cheguei ao ponto de estar a menos de um metro dos carros a tirar fotografias. Podia livremente atravessar o troço e tirar fotos do outro lado para um ângulo mais abrangente.
Chegada a hora de almoço, ali ficamos os sete, a fazer um piquenique por baixo de um chaparro, enquanto lá em cima o calor, o vento e a chuva numa sincronia alternada nos iam alimentando a alma. Cá em baixo, com formigueiros brincávamos para ir passando o tempo. Foi interessante verificar como as formigas transportam grandes alimentos para a toca, ou como resolveram o desafio que lhes colocamos com pedaços de pão ou de cerejas.
Da parte da tarde, foi mais do mesmo. Muitos carros de rally a passarem, as fotografias a deslizarem para dentro do cartão. E ainda tivemos temos para ir tirar algumas ao pé do GNR que talvez farto de ali estar, deixava o pessoal estar à vontade, desde que não atravessasse o troço.
O centro da península do cabo
Há 1 mês
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