sábado, 5 de junho de 2010

WRC 2010 - A ver Góis por um canudo

Acabada a classificativa nocturna no estádio do Algarve, despeço-me do pessoal e ao contrário deles que vão para o conforto de suas casas, parto em direcção ao desconhecido no meio do nada. Pretendia ver o rally num local denominado por Montinho de Góis. É um local que fica no meio de montes, onde a civilização mais próxima passa de x em x tempo através da A2. Um local, onde separadas por cerca de 300 metros passam as duas primeiras classificativas do Rally de Portugal.

Primeira dificuldade. Sair do parque de estacionamento do estádio. Tudo engalfenhado. Havia carros virados para a saida, para a entra, havia até carros virados para lado nenhum. O caos estava instalado. Por momentos pensei – “Estou entalado. Tenho de lá estar antes das 00:00”. Enquanto aguardava por uma vaga para descer de cima do passeio onde estava estacionado, eis uma ideia brilhante me aguardava. Entre mim e a saída apenas existia um relvado muito mal cuidado. Mais rápido de decido, faço-o. Quando dou por mim, estou já a entrar na via-rápida e a deixar o primeiro problema para trás.

Chego à saída da A2 para Almodovar são perto das 22:30. Acredito que ainda consigo chegar ao monte. Saio em direcção a Santa Clara. No entanto engano-me na estrada e vou parar a Gomes Aires. Na praça central, um outro lisboeta, bate desesperadamente no gps que o traí com azelhice na procura de estradas interiores. Pergunto a uns caçadores que se encontram no café como ir em direcção ao monte. Não me parecem muito convencidos. Informam-me que a GNR já tem muitas estradas fechadas.

Sigo em direcção a Santa Clara, onde sou barrado por um guarda. Aquela estrada está fechada. Dali não posso passar. Fico alguns largos minutos na conversa com os guardas e um morador. Dizem-me que este ano as estradas foram fechadas com uma antecedencia de 17h. Fico surpreso. Qualquer dia, acredito que fechem com dias de antecendência. Diz-me o morador que há muitas estradas de terra para lá, mas que são só para quem conhece. Só com muita sorte lá chegaria.

Prefiro arriscar. Parto em direcção a outro lugar. Vou em direcção à Santinha. Eram cerca de 23:30. O rally passaria às 9:30. A quatro quilómetros sou barrado pela guarda. Avisam-me que posso lá chegar, mas já não encontraria lugar para estacionar. Insisto e volto para trás. Estava impossível. Mas a Góis quero continuar a chegar. Volto a Gomes Aires. Tomo uma estrada de terra no meio do nada. Sigo para Este. Algumas dificuldades e ribeiras tenho de atravessar. Enganei-me. A dois quilómetros da Santinha fui dar.

Decido ir em direcção a Santana da Serra. Apanho uma estrada de terra que vai em direcção a uma ZE. Uma cortada à esquerda. Não está cortada e segundo a carta militar ao troço ia dar. Sigo durante um quilómetro até ser barrado por um jeep da GNR atravessado na estrada. Estava a 50m do troço mas ali não posso ficar. Volto a trás e apanho outro atalho ainda mais à esquerda. Estou no meio do nada, o troço é cada vez mais sinuoso. Raspo pela primeira vez por baixo. Nova encrusilhada. Direita ou esquerda. Opto pelo menos mau. Chego a uma casa. Barro uma carrinha que tenta colocar-se na estrada. Era o Padeiro. Questiono-o acerca das possibilidades de por ali continuar. Diz-me que já ali passaram alguns carros, mas desaconselha plenamente. Volto para trás. Sigo agora pelo outro lado. Continuo sempre em frente e vou dar a uma estrada asfaltada. Estou na estrada de partida, mas um pouco mais acima.

Resolvo então parar de inventar. Góis está perdido. Para o próximo ano esqueço a Super Especial nocturna e vou directo. Decido então seguir apenas por mais uma estrada de terra que estava assinalada como destino de dois lugares. Faço uns 4 quilómetros e começo a ver carro, muitos carro até. Estava dentro de um Zona de Espactáculo. Vou até ao cimo, onde não dá mais. Decido voltar um pouco mais atrás. Lá em cima estava cheio.

Estaciono o carro na berna. Atrás de mim não está ninguém, mas à frente estão duas tendas montadas na berma. Lembro-me que não levei colchão, por isso coloco a tenda sobre restolho. Deito-me lá dentro para ser se a dureza do chão era aceitável. Pico-me todo. Era de noite, fui enganado pela sensação de caricia da vegetação. Puxo então o carro atrás, monto a tenda na terra. É dua, mas muito mais suave. Caio no chão e adormeço facilmente. Estava mesmo cansado.

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