quinta-feira, 27 de maio de 2010

WRC 2010 - Portugal

Chegou o momento da partida...

O Algarve e o Baixo Alentejo esperam por mim. Esperemos que para quatro dias de fortes emoções lado a lado com as máquinas de rally. Mais 20 minutos e estarei a caminho.

 Primeiro vai ser uma classificativa no estádio de Algarve (também só serve mesmo para isso), depois uma aventura a tentar chegar durante a noite a uma zona remota do Baixo Alentejo por estradas de terra, provavelmente sem rede móvel. E, acampar no vazio!!! Depois somam-se várias classificativas para onde vamos de jeep. E finalmente a consagração no estádio do Algarve. Brrrrumm...

Ps: Este da foto é o Latvala que no ano passado no dia de aniversário, deu 17 cambalhotas por um monte algarvio abaixo... heheheeh

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nosolo felicidade

 E para terminar a tarde de Domingo em beleza, uma passagem tive de dar pelo sempre agradável paredão junto ao rio em Belém. Mas não sem antes, passar por uma das deliciosas razões de passear por estes lados... Um gelado de Nutella, neste caso acompanhado de um desconhecido Pudim Flã.

Mais que viver, é preciso desfrutar!!!

Domingo, fui à feira...

Quando regressava a casa, com o coração ainda a cintilar, um desvio na estrada fez-me novamente aventurar. Estava a atravessar São Pedro de Sintra, quando uma placa amarela indicava que a estrada estava cortada devido à feira mensal.

 Sempre gostei de feiras. É aquele lugar onde podemos desfrutar de sensações e sentimentos genuínos. Lugares, onde também há tendas de tudo e mais alguma coisa, mas onde se dispensam os ares condicionados e restantes modernices dos centros comerciais. Este gosto é mais um dos que tenho orgulho que os meus avós me tenham ensinado a gostar.

 Todos os anos, sonho por altura do Natal, ir passear por mercados de Natal existentes por toda a Europa. Mercado de produtos genuínos e tradicionais. Locais mágicos, onde o sentimento comercial passa para segundo plano. Lugares esses, enfeitados com luzes e cores natalícias de uma época que tanto aprecio.

 Voltando à realidade, fiz todo o desvio e como reparei que o trânsito apenas estava cortado num sentido, decidi fazer o sentido inverso para verificar que tipo de feira se estava a realizar. Ganhando o gostinho a cada metro que passava, lá consegui arranjar um lugar genuíno a mais de 500m daquele lugar. Era uma feira em quase tudo igual a tantas outras, não fossem os fornos do pão quente colados ao largo, anunciando serem uma tradição daquele lugar.

 A feira estava cheia de agricultores que tentava escoar o fruto de seu suor ao longo de um ano inteiro. Do outro lado, podíamos ver bancas de grandes nomes da moda, desde a Gant, passando pela Lacoste e até a recente Jack & Jones. Todas elas destacaram um tenda de rua, para escoar restos de colecções  a preços convidativos. Uma fartura para as bolsas menos desafogadas. Mas nesse dia, não estava para aí virado. Estava com os sentimentos muito apurados, pelo que decidi ficar-me pela banca da natureza. E daí, resolvi trazer mais três plantas para animarem ainda mais o florido da minha esplanada. Foi um momento diferente.

Penedo, um ilustre desconhecido

Esta mensagem era para ser a anterior, mas quando junto Sintra e Amor na mesma frase, mesmo que seja apenas na linha do pensamento, disperso-me um pouco e normalmente entusiasmo-me. Assim, preferi deixar este tema para depois.

 No Domingo, quando regressava de Colares, mais uma vez, com quase todas as vezes, preferi regressar a Sintra através da estrada que se entranha nos rebordos da serra, por entre monumentos e palácios, nos faz sentir encantados. Falo claro está da estrada que passa por Monserrate e Seteais antes de invadir o coração da tão amada Sintra.

Mas desta vez, ao contrário do planeado, ao ver uma placa que indicava Penedo, Igreja Matriz e Miradouro, resolvi por aí me aventurar. A estrada levou-me serra acima por um quase carreiro de cabras, mas pleno de alcatrão. Uma estrada à antiga onde o cruzamento de duas viaturas é uma aventura inesquecível numa actualidade intemporal. Cada curva, cada lomba, a buzina ganha espaço na monotonia de sons relaxantes que desde as árvores das proximidades nos encantam os ouvidos.

 Quintas, palácios, pequenas casas de campo com seus muros avermelhados nos cercam, como que nos abraçando com paixão, agradecendo o nosso olhar. Inúmeros arcos nos brindam ao passarmos. Uma casa deliciosa, sobre a estrada nos deixa suspirar por querer pertencer àquele mundo. Os cortinados a esvoaçar, nos fazem acreditar que naquele lugar, mesmo sobre o caminho é sitio de magia, amor e paixão.

 Sintra mexe comigo, abana o meu coração. Em Sintra sinto-me e sempre sentirei especial.

Hino ao Amor

Se há local na região de Lisboa (margem norte) que considero um hino ao amor, esse local é sem qualquer dúvida a região de Sintra. Não sei explicar, é algo que se sentem. É como ser do Benfica, é algo que vem de dentro sem explicação possível, apenas muito amor no ar. Aquela serra faz-me abrir todos os poros à imaginação.

 É ali que sempre sonhei um dia ter a possibilidade de me deslocar até lá com alguém especial. Efectuar um pequeno passeio a pé até ao Bazão que nos levaria por entre florestas encantadas à Praia das Maçãs. Poderíamos saborear um cálice champanhe ao pôr-do-sol, de uma garrafa previamente enterrada nas areias molhadas. Regressados a Sintra, teríamos uma charrete previamente reservada que nos aguardava para uma viagem de luar até ao Palácio de Seteais, onde um delicioso jantar às luz de velas nos aguardaria. A vista avassaladora sobre as luzes e ondas do litoral, completariam o cenário. Antes de deitar, um passeio pelo jardim de jasmins, flores a perder de vista com reflexos a brilhar ao som da lua sobre um céu estrelado. Uma noite de felicidade bem passada por entre lençóis de seda pura de um complexo de cinco estrelas. Acordar com os primeiros raios de sol, que atrevidamente invadiriam o quarto, o abrir da janela que proporcionaria aos cortinados brancos esvoaçarem ao ritmo de uma breve brisa madrugadora. O pequeno almoço na cama, por entre beijos e abraços. Isto seriam momentos eternamente recompensadores. Bons sonhos, me invadem a alma.

Armado em esperto

Que os terrenos rurais entre a Praia das Maçãs e Janas, são uma espécie de meio rural no litoral, já eu sabia. Agora que isso me iria fazer sofrer um bocado, não o pensava quando decidi ir explora-los de carro.

Às vezes tenho a tendência de me esquecer que não tenho um 4x4, mas sim um ligeiro mais baixo que a maioria. Isto apesar de não ter suspensão rebaixada. Mas é raro o passeio onde a estacionar de frente não ouça um assustador ranger ao chegar e um sofredor ranger ao corrigir. Coitado, já deve estar todo raspado... felizmente é por baixo!!!

Mas uma estrada de terra com bom piso, mesmo a apontar para onde penso ser um destino conhecido, às vezes sai-nos como uma surpresa indesejável. Pouco passava da hora de almoço, ainda os restos do quente e apetitoso pão com chouriço fervilhavam no estômago, quando me lembrei de deixar o asfalto e ir à descoberta pela famosa Rua Outeiro do Marco. No inicio a terra branca misturada com cascalho permitia um suave rodopiar de rodas que aos poucos ia ficando menos suave conforme o branco e o cascalho iam desaparecendo. Estes deram lugar à terra batida e pedras pregadas ao relvado quase inexistente. Aos poucos a estrada ia encolhendo. O chão cada vez mais deformado e um súbito pensamento de aflição invadiu-me o pensamento. Continuar ou voltar?

 Num momento para mais tarde ponderar, pensei... "Tem casas ali à frente, não deve ser assim tão mau!". Mas alguns metros mais à frente o desnível central deu lugar à apreensão. Um barulho seco anunciava um mau presságio e as rodas começaram a deslizar, como se sobre gelo tentasse patinar. O coração rapidamente desceu à terra. Estava apoiado de motor no chão.

 Calma!! Pensa com calma. Estás apoiado no chão, não desliza nem para a frente nem para trás. Não se vê viv'alma e o caminho é tão cerrado que nem as portas se abrem. Após alguns segundos de pânico interior, a calma reinou. E como que num clarão, algo se iluminou por entre neurónios assustados. Embora grande, desajeitado e pesado, os vidros ainda abrem e por aí tive de saltar para os estragos avaliar.

 Cá fora, deitado no pouco espaço que sobrava, com uma pequena pedra pontiaguda, com mestria e saber, lá fui escavando na pedra até os pneus voltarem a tocar ao chão. Alguns largos minutos depois, tendo criado um ribeiro de esperança, volto a saltar para de onde tinha saído e com muita sorte à mistura, lá consegui sair dali, para mais à frente descansar. Estava novamente sobre asfalto. E se não tivesse ficado tão cansado, acho que teria saído do carro para beijar solo tão abençoado.

 Lição estudada? Não voltar a meter por uma estrada de terra desconhecida e/ou desistir antes de me meter numa alhada. Opção válida apenas para os próximos cinco minutos ou até vir a conta da oficina!!!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Portugal degradado

Nos pouco mais de quilómetro e meio que separam as aldeias da Praia das Maçãs das Azenhas do Mar, é um desespero ver o nosso grandioso passado totalmente desprezado. Contam-se pelos dedos de várias mãos a quantidade de grande palácios e casarões completamente ao abandono. Perdem-se pedaços da nação, pedaços de história. É quase como quando morre um idoso. Não morre apenas um ser humano. Perde-se uma enciclopédia de saberes e conhecimentos.

 Da mesma forma, olho para aqueles ex-palácios vandalizados ou simplesmente abandonados que militam junto deste pequeno troço de estrada. Pena faz que ninguém algo faça para a sua conservação. É nestes momentos que gostava de ser rico. Por largos momentos olhei-os nas entranhas, no que resta de suas estruturas e neles vi crianças a brincar, de olhos brilhantes como se numa colónia à beira-mar pela primeira vez o observassem. Noutro vi, mochileiros de todas as nações alegres, partilhando experiências e vivências. Camas de rede floresciam junto de azulejos pintados à mão, restaurados contando a história de uma civilização. Seria um misto de boa conservação e atenção.

Tantos edifícios, tantos bons e respeitáveis usos, vão morrendo provavelmente à espera de um qualquer grupo comercial, transformando-os num Azenhas ou Maçã Shopping. É triste a história recente deste nosso Portugal.

Uma praia que já teve maçãs

Toda a gente a conhece por Praia das Maçãs. Em tempo idos, foi um dos locais de culto da aristocracia portuguesa e das figuras cor de rosa. Anos de ouro e riqueza para suas gentes. Hoje, ainda muito procurada no Verão, tem fora deste, na minha opinião, os seus momentos altos. Falo, pois então, da Praia da Maçã.

 Tal como o nome e um pequena estátua entretanto colocada, um nome relacionado com um fruto tão abundante neste nosso Portugal. Mas por muito que assim se chame e tive o cuidado de passar com olhos de ver por uma banca de fruta, hoje em dia pouco ou nada de vê dos frutos que lhe deu o nome. Nesta mercearia, junto da estrada, onde os produtos são vendidos a preços mais elevados (pudera, tem como extra alcatrão e fumos de escape), abundavam as bananas, os morangos, pêssegos, cerejas e poucas ou quase nenhumas maçãs.

 Mas o nome desta praia não advém de um gosto louco por maçãs. O nome deve-se ao facto de o rio que ali vai desaguar ter corrido, em tempos, entre pomares de macieiras, pelo que a fruta, quando estava madura, caía na água e ia dar à praia. Já estou mesmo a ver a Maria. Oh, Manel, esqueci-me das maçãs em casa. Na te preocupes, deixa a maré começar a vazar que ela vem cá desaguar.

Hoje não havia muito gente na praia e quase ninguém na água. Talvez as pessoas estivessem um pouco assustados com a descida de 10 graus na temperatura do ar. Não que estivesse frio, apenas uma questão psicológica. Ainda assim, percorri as estreitas ruas da aldeia em busca de bons momentos fotográficos. Aqui ou ali, bons apontamentos de reportagem. O paredão com vista para a praia, com bancos individuais laterais
 fazem as delicias de quem por ali passa. Para quem vai só, são locais indicados para uma fotografia mais rigorosa, para quem vai acompanhado, uma boa desculpa para ao colo sentar. A Praia das Maçãs, é isto, não só uma porção de areia e mar, onde antigamente boiavam frutos terrestres, mas um aglomerado sempre disponível para agradar.

Entretanto, descobri que quase em frente ao mercado, do lado direito, para quem parte, existe um pequeno lugar, sob um letreiro preto pintado no branco que indica Pão Quente, que nem só de mação vive a Praia das Maçãs. Um sempre quente e apetitoso pão com chouriço sabe sempre bem. E enquanto passava pela praia, deliciando todos os sentidos com aquele delicioso manjar do padeiro, descobri afinal qual a razão de tão pouca gente se aventurar, no mar. Afinal, nem a metereologia nem a psicologia eram verdadeiramente culpadas. Simplesmente, a bandeira vermelha estava hasteada...

Postal Ilustrado

Esta manhã acordei, levantei-me e vim até à varanda. Pelo caminho cruzei-me com um postal que recebi há dias, vindo da Birmânia, onde um amigo meu passava na sua longa cruzada de backpacker na Ásia. Nesse momento, apeteceu-me ir dar uma volta até qualquer lado onde me sentisse parte integrante de um postal.

 E, assim preparei-me e fui dar uma volta até à região de Sintra... Mais concretamente às Azenhas do Mar. Decidir deixar o carro na Praia das Maçãs e fui a pé pelas falésias. De vez em quando apetece, deixar os lençóis de lado, pegar nas duas máquinas, a fotográfica e a de quatro rodas e partir para um local junto ao mar. Ouvir o bater das ondas rebeldes contra os rochedos, espalhando brancura ao longo para costa. No cimo da falésia, pescadores tentam a sua sorte, desejando que a minhoca não sofra de vertigens e cumpra a sua missão.

Estamos na Primavera, daí não ser estranho encontrar flores, aliás muitas flores à beira-mar. No entanto, fiquei surpreso com a quantidade, qualidade e formato de algumas espécies desconhecidas. Ou pelo menos, assim passam desde a última longinqua vez que as vivi. Estas, juntamente com o mar e as falésia, dão à paisagem um vida sem igual. Era como se tivesse por momentos deixado terras lusitanas e aqueles três metros de costa que me separavam do mar, tivessem sido retirados de uma qualquer paisagem irlandesa. Bom demais para ser verdade.

 As azenhas do Mar, aldeia litoral, pertencente ao concelho de Sintra. Desenvolveu-se junto de uma ribeira onde existiram em tempos azenhas. Aos poucos, dada a proximidade do mar, ergueu-se como um postal ilustrado até ao cima de uma falésia, com casa encavalitadas umas sobre a outras, simulando paisagens famosas das revieras europeias.

 É um dos locais, ditos ideais para numa tarde soalheira de Primavera, pedir algo mais que um simples mão, num banco que jardim, feito de pedra, resistindo às intempéries, lado a lado com uma cascata que corre e desagua no mar.