terça-feira, 25 de maio de 2010

Armado em esperto

Que os terrenos rurais entre a Praia das Maçãs e Janas, são uma espécie de meio rural no litoral, já eu sabia. Agora que isso me iria fazer sofrer um bocado, não o pensava quando decidi ir explora-los de carro.

Às vezes tenho a tendência de me esquecer que não tenho um 4x4, mas sim um ligeiro mais baixo que a maioria. Isto apesar de não ter suspensão rebaixada. Mas é raro o passeio onde a estacionar de frente não ouça um assustador ranger ao chegar e um sofredor ranger ao corrigir. Coitado, já deve estar todo raspado... felizmente é por baixo!!!

Mas uma estrada de terra com bom piso, mesmo a apontar para onde penso ser um destino conhecido, às vezes sai-nos como uma surpresa indesejável. Pouco passava da hora de almoço, ainda os restos do quente e apetitoso pão com chouriço fervilhavam no estômago, quando me lembrei de deixar o asfalto e ir à descoberta pela famosa Rua Outeiro do Marco. No inicio a terra branca misturada com cascalho permitia um suave rodopiar de rodas que aos poucos ia ficando menos suave conforme o branco e o cascalho iam desaparecendo. Estes deram lugar à terra batida e pedras pregadas ao relvado quase inexistente. Aos poucos a estrada ia encolhendo. O chão cada vez mais deformado e um súbito pensamento de aflição invadiu-me o pensamento. Continuar ou voltar?

 Num momento para mais tarde ponderar, pensei... "Tem casas ali à frente, não deve ser assim tão mau!". Mas alguns metros mais à frente o desnível central deu lugar à apreensão. Um barulho seco anunciava um mau presságio e as rodas começaram a deslizar, como se sobre gelo tentasse patinar. O coração rapidamente desceu à terra. Estava apoiado de motor no chão.

 Calma!! Pensa com calma. Estás apoiado no chão, não desliza nem para a frente nem para trás. Não se vê viv'alma e o caminho é tão cerrado que nem as portas se abrem. Após alguns segundos de pânico interior, a calma reinou. E como que num clarão, algo se iluminou por entre neurónios assustados. Embora grande, desajeitado e pesado, os vidros ainda abrem e por aí tive de saltar para os estragos avaliar.

 Cá fora, deitado no pouco espaço que sobrava, com uma pequena pedra pontiaguda, com mestria e saber, lá fui escavando na pedra até os pneus voltarem a tocar ao chão. Alguns largos minutos depois, tendo criado um ribeiro de esperança, volto a saltar para de onde tinha saído e com muita sorte à mistura, lá consegui sair dali, para mais à frente descansar. Estava novamente sobre asfalto. E se não tivesse ficado tão cansado, acho que teria saído do carro para beijar solo tão abençoado.

 Lição estudada? Não voltar a meter por uma estrada de terra desconhecida e/ou desistir antes de me meter numa alhada. Opção válida apenas para os próximos cinco minutos ou até vir a conta da oficina!!!

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