segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vermelho

E, finalmente cinco anos depois o Marquês, voltou a encher. Foi lindo, magnifico, uma festa de fazer inveja aos santos populares. Somos mesmo grandes.

Findo o jogo, a entrega da taça e quando ainda se festejava à roda do estádio, hora de pirar um direcção ao metro. A invasão preparava-se a qualquer momento, por isso em jeito de passo acelerado lá fui em direcção ao tube. Algumas centenas de pessoas acotovelavam-se para entrar em carruagem que já vinha quase à pinha desde a estação anterior.

 Foi uma viagem como há muito não se via. Por muitos momentos pensei que a viagem seria interrompida a qualquer momento, com uma composição avariada. O metro andava em direcção à cidade, mas toda a sua estrutura abanava para cima e para baixo. Lá dentro era a euforia, todos saltavam como podiam, davam-se vivas ao campeão. Era uma alegria. E sempre que o som abrandava, todo o vagão se enchia de gargalhadas. Um tipo, negro, foi até ao Marquês a cantar - "Oh PdC, vai pró car...". Era um senhor, um poeta... E, todos se riam à gargalhada.

 Passamos pela ex-estação de Sete Rios, dezenas de pessoas, talvez apeadas de um comboio que há pouco tempo por cima teria cruzado, algumas com malas de viagem, rostos estrangeiros, deixavam cair o queixo e arrebitavam os olhos. Estavam incrédulas. Aquele era um demasiado cheio comboio de alegria e bem estar, mas muito barulhento. Algumas centenas saíram, mas apenas dezenas entraram. E lá seguiu seu ruidoso caminho até ao Marquês acalmar.

 No Marquês já milhares festejavam. A estátua há muito tinha sido tomada de assalto. Um misto de vermelho contrastava com o branco e azul claro com que Lisboa preparava a recepção ao Papa. Vozes alto se faziam ouvir, com expressões de vitória todos contagiavam. Era um espontâneo e vibrante sentimento de felicidade que invadia aquele lugar, paredes meias com a residência pessoal do Primeiro Ministro, onde este embalado pelos festejos, um forma de mais uma vez nos tramar, procurava.

 O Marquês, Lisboa, Porto... o país e não só estavam pintados de vermelho. Clarões e fogo de artificio vermelhos invadiam a noite escura de Maio, onde o povo vibrava. Perto da meia-noite, o momento alto, a passagem dos campeões. Milhares, cem mil, segundo números oficiais, acenavam e vibravam. Afinal, voltamos a ser Campeões. Uns dignos campeões.

 Até perto das duas da manhã, hora em que rumei novamente ao estádio para ver se algo se passava e depois a casa, pois no dia seguinte tinha de estar cedo novamente no Marquês, foi um festival de boa vontade. Uma subida tão perigosa, como festejada, de um maluco, teve como momentos de glória a chegada ao cimo da estátua, a colocação da bandeira do glorioso no alto e a descida em rappel. Um grupo de vermelho que descia a Av. da Liberdade e cada vez que se cruzava com alguém, cercavam-no, agarravam-no e atiravam ao ar durante uns momentos... depois lá seguiam para mais abaixo voltar a festejar.

 Foi algo de grandioso que andou pelo ar... e, que aterrou aqui. Nada melhor para comemorar a mensagem 100.

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